sexta-feira, 30 de junho de 2017

Sidney Rezende fala sobre jornalismo


Sidney Rezende fala sobre jornalismo


Sidney Rezende fala sobre jornalismo


Altamiro Borges: Dallagnol, cadê a transparência?

Altamiro Borges: Dallagnol, cadê a transparência?: Por Marcelo Auler, em seu blog : Autointitulado bastião da moralidade, o messiânico procurador da República Deltan Dallagnol, visto po...

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Altamiro Borges: A elite se lixa para o sofrimento do povo

Altamiro Borges: A elite se lixa para o sofrimento do povo: Por Fernando Brito, no blog Tijolaço : Ontem, a economista Monica de Bolle – neoliberal civilizada – disse à BBC que “ ‘Elite da elite’...

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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Altamiro Borges: A falta de consciência dos corruptos

Altamiro Borges: A falta de consciência dos corruptos: Por Leonardo Boff, em seu blog : Como fica a consciência dos corruptos que roubam milhões dos cofres públicos ou os empresários que sup...

Altamiro Borges: Que querem os irmãos Marinho?

Altamiro Borges: Que querem os irmãos Marinho?: Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital : Considerando que aqueles que têm fortuna maior vivem e atuam fora do País, não é exagero ...

Altamiro Borges: Que querem os irmãos Marinho?

Altamiro Borges: Que querem os irmãos Marinho?: Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital : Considerando que aqueles que têm fortuna maior vivem e atuam fora do País, não é exagero ...

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Altamiro Borges: Lava-Jato solta delatores e prende inocentes

Altamiro Borges: Lava-Jato solta delatores e prende inocentes

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Altamiro Borges: Temer entrega o Brasil ao grande capital

Altamiro Borges: Temer entrega o Brasil ao grande capital

quarta-feira, 28 de junho de 2017

POLÍTICA - Tivemos que esperar tres anos.

Em dura e incontestável abertura de seu voto, o ministro Gilmar Mendes acendeu o debate na terceira sessão do julgamento da possibilidade de avaliação do acordo de delação da JBS  – e, por extensão, de todos os outros acordos de colaboração firmados pela Lava Jato.
“Criou-se um tipo de Direito Penal de Curitiba”, disse Gilmar, afirmando que, desde os acordos de delação premiada de Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, os benefícios tem sido imensos, sem controle legal e chegando ao absurdo  de pagar-se “comissão” do devolvido ao Ministério Público.
Disse que formou-se  uma “rede de abusos e violações de direitos fundamentais”, que chega à vedação do debate de medidas legais até pelo Congresso: “”Até isso se cogita: discutir a aprovação de um projeto de lei de abuso de autoridade. Quanta desfaçatez, cinismo, pensamento totalitário”.
É uma pena que tenhamos tido de esperar por três anos e um golpe para ouvir verdades serem ditas no plenário do Supremo Tribunal Federal.
 

Altamiro Borges: Temer X Janot e Lula X Moro

Altamiro Borges: Temer X Janot e Lula X Moro: Por Ricardo Kotscho, em seu blog : Chegou a hora do vale-tudo na guerra aberta entre o Judiciário e a classe política. As defesas de Temer ...

Altamiro Borges: Temer, Aécio, Moro e a miséria da política

Altamiro Borges: Temer, Aécio, Moro e a miséria da política: Por Tânia M. S. Oliveira, no site Brasil Debate : “A história nos permite sermos responsáveis não por tudo, mas por alguma coisa.” (Snyder...

POLÍTICA - Sorteios do Supremo.

 

A roleta suspeita dos sorteios do Supremo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Vamos a uma análise probabilística, tão ao gosto dos procuradores midiáticos.

Para avaliarmos a extraordinária coincidência dos processos de José Serra e Aloysio Nunes caírem com o Ministro Gilmar Mendes e o de José Serra com Alexandre de Moraes, o roteiro é o seguinte:

O STF (Supremo Tribunal Federal) tem 11 Ministros:

1. Ministro Roberto Barroso

2. Ministro Marco Aurélio

3. Ministro Luiz Fux

4. Ministra Rosa Weber

5. Ministro Alexandre De Moraes

6. Ministro Gilmar Mendes - Presidente

7. Ministro Celso De Mello

8. Ministro Ricardo Lewandowski

9. Ministra Cármen Lúcia

10. Ministro Dias Toffoli

11. Ministro Edson Fachin
O Ministro Fachin decidiu sortear os processos pelos demais Ministros da casa. Do sorteio saem ele (que vai sortear) e a presidente do STF Carmen Lúcia.

Restam 9 Ministros:

1. Ministro Roberto Barroso

2. Ministro Marco Aurélio

3. Ministro Luiz Fux

4. Ministra Rosa Weber

5. Ministro Alexandre De Moraes

6. Ministro Gilmar Mendes

7. Ministro Celso De Mello

8. Ministro Ricardo Lewandowski

9. Ministro Dias Toffoli

Três processos são sorteados. Há dois Ministros propensos a tratar com generosidade os políticos do PSDB: Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.

Gilmar não poderia ficar com o processo de Aécio, pois poderia ser arguida sua suspeição pelas conversas gravadas. Portanto, o único Ministro disposto a analisar o caso Aécio com boa vontade (para com o réu) seria Alexandre de Moraes:

· Ou 1 em 9

· Que significa 1/9 avos

· Que significa 11,11% de probabilidade.

Sobram então, 8 Ministros para analisar o caso Serra-Aloysio.

1. Ministro Roberto Barroso

2. Ministro Marco Aurélio

3. Ministro Luiz Fux

4. Ministra Rosa Weber

5. Ministro Gilmar Mendes

6. Ministro Celso De Mello

7. Ministro Ricardo Lewandowski

8. Ministro Dias Toffoli

Brasília inteira sabe das relações de Gilmar com José Serra e, por tabela, com Aloysio Nunes. Mas como não foi explicitada em nenhuma gravação... Gilmar se arrisca a não ser considerado impedido. Dos 8 restantes, ele seria a única certeza de não condenação de Serra e Aloysio.

A probabilidade de sair com Gilmar é de 1/8 ou 12,5% de probabilidade.

A primeira probabilidade foi de 11,11%; a segunda, de 12,5%.

E qual seria a probabilidade somada de Aécio sair com Alexandre e Serra/Aloysio sair com Gilmar?

Seria de 1 / (8x9) = 1,39%

Não é a primeira vez que os tribunais superiores mostram um sistema de sorteios sob suspeição. Para os que reclamam de azar pelo fato de todos os processos sensíveis saírem com Gilmar – que, em todas as hipóteses, pende para um lado só – não maldigam a má sorte. Quem explica isso é a probabilidade. E a falta de discernimento de presidentes de tribunais de permitirem a mancha da suspeição sobre sua seara.

As formas de direcionamento

Aproveitando as dicas nos comentários, o jogo de direcionamento se dá assim:

1. O sorteio se dá incluindo a quantidade de processos nas mãos de cada Ministro.

2. Cada rodada de distribuição altera a quantidade de processos nas mãos de cada Ministro.

3. Se quiser direcionar determinados processos, basta esperar a rodada em que os Ministros para os quais se pretende entregar os processos sejam a bola da vez.

Altamiro Borges: A revolução dos 'patos amarelos'

Altamiro Borges: A revolução dos 'patos amarelos': Por Fuad Faraj, no site Justificando : Nine, a caçada ao Molusco Vermelho é cartaz de grande sucesso há mais de 3 anos na República de Cur...

terça-feira, 27 de junho de 2017

POLÍTICA - "Se eu for condenado, é que não vale a pena ser i

Se eu for condenado, é que não vale a pena ser inocente, diz Lula

 



O ex-presidente Lula faz discurso na praça Santos Andrade, que reúne militantes favoráveis a ele, no centro de Curitiba O ex-presidente Lula faz discurso na praça Santos Andrade, que reúne militantes favoráveis a ele, no centro de Curitiba
À espera da sentença do juiz Sergio Moro, no caso do tríplex do Guarujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que prova a sua inocência “todo dia” e que está “esperando alguém que possa provar a minha culpabilidade”. “Se tiver uma decisão que não seja a minha inocência, quero dizer que não vale a pena ser inocente neste país”, afirmou em entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais, nesta terça-feira.
“Tudo o que eu fiz foi provar minha inocência. Eu fui a uma audiência, os procuradores estavam lá, tiveram chance de me mostrar alguma prova, eles não mostraram absolutamente nada. Fui eu que tive que provar minha inocência, quando eram eles quem deveriam provar minha culpabilidade”, disse.

“Se tiver uma decisão que não seja a minha inocência, quero dizer que não vale a pena ser inocente neste país”

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República
Ele disse que “todo brasileiro de juízo perfeito é favorável ao combate à corrupção”, mas voltou a criticar a força-tarefa da Operação Lava Jato, dizendo que há uma subordinação das investigações e das decisões judiciais à imprensa.
“Quando um juiz vai julgar, ele está pensando na opinião pública, quando um promotor vai acusar, ele está pensando na opinião pública, quando um delegado vai consolidar um inquérito, ele está pensando na opinião pública, quando deveriam estar pensando na denúncia. O que você não pode é ficar subordinado a uma manchete de jornal, porque aí você não está fazendo justiça, você está fazendo pirotecnia”, afirmou.
Sobre a ação do tríplex –  que o
Ministério Público Federal dizer ser dele e fruto de propina da OAS por contratos na Petrobras, Lula disse que continua desafiando os procuradores a provar que o imóvel é dele. “Desafio o MP a provar que o apartamento é meu. Que tenha um documento, que tenha um centavo, que tenha um real, que tenha um documento em cartório. Continuo desafiando o MP a me apresentar uma prova”, disse.
Questionado se não sabia de todas as acusações de corrupção envolvendo a Petrobras durante o seu governo, ele disse que ninguém sabia. “Essas denúncias todas que estão aparecendo agora nem o MP sabia, nem o procurador sabia, nem a polícia sabia, nem a imprensa sabia. Só Deus e quem praticou o crime sabiam”, afirmou.

Temer

Sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ele disse que tudo precisa ser investigado. “Processo  contra o presidente ou contra qualquer ser humano  precisa ser investigado, saber se as denúncias são verídicas, se têm provas concretas. Se tiver prova concreta, o Temer, efetivamente, não tem condição de continuar na Presidência da República.

“Essas denúncias todas que estão aparecendo agora nem o MP sabia, nem o procurador sabia, nem a polícia sabia, nem a imprensa sabia. Só Deus e quem praticou o crime sabiam”

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República
Segundo ele, o presidente não pode achar que irá escapar da denúncia com o seu arquivamento na Câmara. “ É verdade que ele tem maioria no congresso, mas é verdade também que esta maioria está fragilizada tal é a grandeza da vontade da sociedade que o Temer deixe a Presidência da República.”
Ele defendeu que o presidente peça a antecipação as eleições. “A  sociedade precisa de alguém eleito democraticamente pelo voto, para que este alguém, tendo credibilidade com a sociedade, possa estabelecer as negociações necessárias para que o Brasil volte a crescer, gerar empregos, volte a distribuir renda e o povo volte a ter  um mínimo de tranquilidade no Brasil”, disse. “Eu defendo eleições diretas imediatamente.”
Questionado se, ao ver todas as acusações contra caciques do PMDB, não se arrepende de ter feito aliança com o partido nas eleições anteriores, ele disse que não. “Não me arrependo de ter feito aliança com o PMDB porque no momento em que fizemos as alianças era extremamente necessário e eu não tinha bola de cristal para saber que o Temer ia dar golpe na Dilma e ajudar a fazer o impeachment”, respondeu.

Eleições

Sobre a pesquisa Datafolhadivulgada na segunda-feira que o colocou como líder em todos os cenários de primeiro turno com taxas entre 29% e 30% das intenções de voto e o PT como o partido preferido dos eleitores, com 18% da preferência, ele disse que isso o ajuda a ter convicção de que, se for candidato, irá ganhar a eleição.
“O PT sozinho tem mais simpatia do povo brasileiro que todos os outros partidos juntos. Uma das coisas mais importantes é fazer com que o povo brasileiro volte à sua memoria sobre o que aconteceu na sua vida até 2014 e o que está acontecendo agora”, disse.  “Não tenham dúvida de que, se eu for candidato, eu terei a maioria dos votos do Brasil.”
De acordo com eles, aqueles que lutaram pelo impeachment de Dilma estão envergonhados com a situação atual do país. “Aqueles que foram para as ruas para derrubar Dilma dizendo que o Brasil ia melhorar agora estão com vergonha de aparecer, não colocam mais a camisa verde e amarela porque sabem que fizeram bobagem”, afirmou.

“Não tenham dúvida de que, se eu for candidato, eu terei a maioria dos votos do Brasil”

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República

POLÍTICA - Vale tudo contra Lula.

Vale tudo contra Lula: por que Moro violou a lei ao negociar a delação de Renato Duque. Por Donato



 
Renato Duque

Naquela mesma Curitiba que anda espancando servidores públicos e protegendo militantes do MBL, o juiz Sergio Moro deu mais uma mostra de sua imparcialidade. Como se fosse preciso mais alguma.
Ontem, Moro tentou seduzir Renato Duque concedendo-lhe o benefício de redução de pena. Desde que, claro, o ex-diretor da Petrobras ‘colabore’. Em português atual: delate.

 
Renato Duque tem 13 processos nas costas e se somadas todas as suas condenações totalizam 62 anos e 11 meses de prisão. O juiz Sergio Moro concedeu que Duque possa sair após cumprir cinco anos em regime fechado e devolver € 20,6 milhões (aproximadamente R$ 75 milhões).
Tudo muito bonito, afinal de contas se Joesley Batista saiu completamente livre de qualquer condenação por ‘colaborar’ com a Justiça, fazer alguém pagar pelo menos 5 anos é melhor que nada, certo?
Errado.
Moro não pode fazer isso. Juiz nenhum pode negociar delações, elas são responsabilidade do Ministério Público. “Ao juiz cabe apenas aferir se o acordo não violou nenhuma lei”, afirma Gustavo Badaró, professor de direito da USP.
Nesse caso especificamente, quem violou a lei, foi Sergio Moro.
“A lei veda que o juiz tome qualquer parte no acordo de colaboração. Ao oferecer um incentivo, ele violou esse vedação legal”, completou o professor. Renato Duque ainda não fechou o acordo de delação com o MP. Isso vem se arrastando há meses.
Moro mais um vez agiu de forma nebulosa sobre suas intenções. Mas agradou a defesa de Renato de Duque que agora acredita poder reduzir ainda mais a pena.
“Foi muito bom para ele, mas queremos mais e seguimos lutando”, disse Antônio Figueiredo Basto, advogado de Renato Duque.
O Ministério Público Federal informou que vai recorrer da concessão do benefício sentenciada por Sergio Moro feita conjuntamente com a condenação de Antonio Palocci.
No mesmo dia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou mensagem a colegas do Ministério Público Federal:
“Num regime democrático, ninguém está acima da lei ou fora de seu alcance, cuja transgressão requer o pleno funcionamento das instituições para buscar as devidas responsabilidades”, escreveu Janot em razão de ter oferecido denuncia no Supremo Tribunal Federal contra Michel Temer, pelo crime de corrupção passiva praticado em pleno exercício do mandato (segundo Janot os R$ 500 mil da famosa mala eram de Temer).
O recado, no entanto, bem que poderia ser destinado ao juiz Sergio Moro que anda conseguindo a proeza de perder até admiradores por conta de suas atitudes não condizentes com o cargo.
“O juiz não tem que se meter em delação. O acordo é uma negociação entre o Ministério Público ou a polícia e o investigado”, declarou Gilson Dipp, ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, e que já foi da legião de apoiadores de Moro.
Mas Sergio Moro não era o destinatário da mensagem de Janot e continua achando-se acima das leis e cometendo transgressões como grampear conversas sem autorização ou seduzir um acusado para que faça a delação. No mês passado, em depoimento, Renato Duque disse a Moro que Lula ‘conhecia e comandava tudo’. Lula é o objetivo máximo de Moro e ele não poupa esforços.
Num país tropical em que alguém como Jair Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas para presidente, não espanta que um juiz fique acima das nuvens.
Sergio Moro não é juiz. É um cabo eleitoral que trabalha para ver Lula fora da disputa no ano que vem.

POLÍTICA - Para o Dr. Moro, "isso não vem ao caso".

Novas regras para criminalidade financeira

Por Guilherme C. Delgado, no site Carta Maior:

Publiquei em março de 2016 um artigo sobre alta criminalidade financeira, a partir de uma investigação da Receita Federal (SP), que detectava lavagem de dinheiro realizada por treze bancos instalados no Brasil, relativamente a contratos de terceiros com a Petrobrás no valor de 15 bilhões de dólares. A análise de então estava apoiada em matéria publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”, de 11 de janeiro de 2016.

A investigação preliminar da Receita Federal, apontando indícios fortes de lavagem de dinheiro, sonegação tributária e evasão de divisas, segundo o jornal, foi remetida então (janeiro de 2016) aos promotores curitibanos da Lava Jato. E, desde então, nem o jornal citado, nem o restante da imprensa acompanharam os fatos, que pelo silêncio também dos procuradores de Curitiba provavelmente entraram numa agenda de baixa prioridade investigativa.
Para o público leitor ou telespectador, nesse ínterim, reavivou-se a cobertura do “tríplex do Guarujá” do “sítio de Atibaia”, e mais recentemente entrou em cena outro protagonista – a JBS e sua explosiva delação envolvendo o presidente Temer. As matérias da mídia dão uma tal ênfase à circulação do dinheiro em malas, pacotes, meias etc. mas, curiosamente, esquecem o lugar privilegiado para a circulação do dinheiro na economia moderna – o sistema bancário e o mercado de capitais.

Estas instituições e sua mecânica de funcionamento estiveram obsequiosamente protegidas da curiosidade investigativa, tanto da mídia corporativa quanto dos procuradores, não obstante as pouco mais contundentes evidências de criminalidade ali incidentes.

Mas algo parece ter se alterado nestas últimas semanas. O que explica tal mudança ainda não está muito claro. Especula-se em notícias fragmentadas, que em função das previsíveis delações, dentre as quais a principal seria a do ex-ministro Palocci, o sistema financeiro viraria foco de ilicitudes praticadas e confessadas para beneficiá-lo.

Esta, por sinal é a tese do próprio jornal “O Estado de S. Paulo”, de 9 de junho de 2017 (pag. B4), para explicar o por que da edição de uma Medida Provisória (N. 784/2017), publicada no dia 8 de junho, com objetivo explícito de alterar a regulação do processo criminal financeiro na área administrativa, de competência do Banco Central (bancos e demais instituições financeiras) e Comissão de Valores Mobiliários (bolsas e demais instituições do mercado de capitais). Curiosamente, a MP é assinada pelo presidente Temer, pelo presidente do Banco Central e o equivalente da CVM, mas não pelo ministro da Fazenda.

Por outro lado, quem se der ao trabalho de ler o texto das 18 páginas desta MP, vigente desde sua publicação em 8 de junho do corrente, perceberá que há um objetivo mais claro no seu texto: provocar as instituições potencialmente promotoras de ilícitos financeiros a aderirem a um primeiro “termo de compromisso’, que lhes livraria do processo administrativo convencional; e em segunda ao “acordo de leniência”, ambos sigilosos e sem necessidade “de confissão quanto à matéria de fato, nem reconhecimento da ilicitude da conduta analisada” (art 15, parágrafo único da MP 784/2017).

Esses acordos seriam celebrados entre o Banco Central e os bancos envolvidos em ilicitudes financeiras, das mais variadas espécies, por um lado; e por outro lado – dos operadores do mercado de capitais e a CVM, por outro, que incluiria, por exemplo, a JBS. Os acordos substituem as medidas administrativa convencionais, como por exemplo a liquidação extrajudicial ou outras punições fortes, que a juízo dos redatores da MP colocariam o sistema em risco.

Há na situação em foco um tratamento absolutamente oposto ao estilo “estado espetáculo”, protagonizado pela “República de Curitiba”. Mas o extremo oposto de um vício, também carrega, neste caso, vício contrário. O não conhecimento público dos fatos criminais sob proteção dos ‘termos de compromisso’ e depois ‘acordos de leniência’ junto às autoridades financeiras, conspira contra os princípios básicos da república federativa e de sua administração pública – publicidade, moralidade, legalidade, impessoalidade e eficiência, elencados no Art. 37 da Constituição Federal.

Algo parecido ocorreu na época do regime militar, com os chamados decretos secretos sobre matéria de segurança nacional. Agora se invoca uma presumida segurança financeira para fazer acordos de leniência secretos.

Temos elementos sub-reptícios tanto nas delações já realizadas como naquelas bombásticas em gestação, para supor que há uma verdadeira máquina de apropriação financeira, nos limites e além deles, da criminalidade pura, requerendo, sim, uma profunda reforma do sistema, hoje totalmente independente do controle republicano. Mas a MP vem para aprofundar o véu protetor de uma verdadeira caixa-preta e de suas relações promíscuas público-privadas.

Neste artigo não é possível aprofundar a questão aqui levantada. Vamos aguardar no próximo a reação da imprensa sobre a MP 784/2017, superando esse silêncio inicial. Creio que estamos no ponto nevrálgico da crise institucional, a requerer responsabilidades coletivas para enfrentá-la.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Altamiro Borges: FHC exige a renúncia de Temer. Hipócrita!

Altamiro Borges: FHC exige a renúncia de Temer. Hipócrita!

Altamiro Borges: Lula X Moro: O documentário

Altamiro Borges: Lula X Moro: O documentário

POLÍTICA - Globo tornou-se ameaça à soberania nacional.

Globo tornou-se ameaça à soberania nacional



Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A título de introdução – o que estava em jogo

Como abordamos em vários Xadrez, havia um mundo em transformação, a China e os BRICs irrompendo como poderes alternativos, a crise de 2008 comprometendo o modelo neoliberal. Ao mesmo tempo, uma acomodação da socialdemocracia nos anos de liberalismo, queimando-a como alternativa econômica.

Por seu lado, os Estados Unidos garantiam seu papel hegemônico no campo financeiro e nas novas tecnologias de informação, já que a manufatura se mudou para a Ásia.

É nesse contexto que, a partir de 2002, monta-se uma nova estratégia geopolítica fundada no combate à corrupção. Envolvem-se nela o Departamento de Estado, as instituições de espionagem (CIA e NSA), os órgãos policiais (FBI e Departamento de Justiça) e as ONGs ambientais e anticorrupção.
Para consumo externo, a intenção meritória de melhorar o mundo. No plano estratégico, a tentativa de impedir as potências emergentes de percorrer o caminho trilhado pelas potências atuais: no campo político, a promiscuidade inevitável entre campeões nacionais e partidos políticos; na expansão externa, o uso inevitável do suborno para penetrar em nações menores.

Por outro lado, o avanço da espionagem eletrônica conferiu um poder imbatível aos órgãos norte-americanos. A pretexto de combater o crime organizado, amplia-se a cooperação internacional, entre MPs e policias federais dos diversos países. Através desse duto, os EUA passam a levantar seletivamente informações contra políticos não-alinhados em diversos países, como Brasil, Portugal, Alemanha, França, Espanha, Coreia do Sul.

O impeachment de Dilma Roussef teve três personagens centrais com laços estreitos com os Estados Unidos:

· Juiz Sérgio Moro

· A Globo

· Movimentos de rua.

Na última 5a, publiquei o post “
Xadrez de como a Globo caiu nas mãos do FBI”.

Vamos avançar com mais informações que surgiram nos últimos dias.

Peça 1 – Sérgio Moro e o FBI

No GGN há um
amplo levantamento sobre a cooperação internacional, o sistema de cooperação penal entre países, dos quais o Brasil é signatário. A cooperação deve ser formalizada através do Ministério da Justiça, Itamaraty ou Procuradoria Geral da República.

No caso Banestado, houve uma aproximação informal entre o juiz Sérgio Moro, procuradores e delegados da PF com o FBI, NSA e Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Havia vários indícios dessa ligação e da maneira como Moro foi abastecido por informações das autoridades norte-americanas, para, mais tarde, conseguir transformar um processo contra uma lavadora de carros em um escândalo nacional.

Na semana passada,
o Jornalistas Livres apresentou a evidência mais forte dessa cumplicidade, um caso de 2007, no qual Moro autorizou um agente do FBI criasse um CNPJ falso para uma ação controlada contra um falsário. Não informou sequer o Ministério Público, denotando uma cumplicidade muito mais ampla e mais antiga do que até então se imaginava.

O fato revelado reforça as suspeitas sobre a ação deliberada de Moro e dos procuradores de Curitiba de destruição de empresas brasileiras que competiam globalmente com multinacionais norte-americanas e de imposição da agenda liberal da Ponte para o Futuro.

Peça 2 – a Globo e o FBI

Por volta de 2014, o patriarca da Odebrecht, Emilio, indicava a impossibilidade de qualquer forma de negociação com a Globo: ela estaria refém do FBI. À medida que foram revelados detalhes da Operação Rimet - conduzida pelo Ministério Público espanhol e pelo FBI - sua previsão fez sentido.

Há vários anos, os escândalos da FIFA eram tratados por um grupo restrito de jornalistas, correspondentes internacionais, entre os quais o britânico Andrew Jennings e o correspondente do Estadão em Genebra, Jamil Chade.

Em 2014, o jornalista-empresário brasileiro J. Hawilla foi preso nos Estados Unidos e negociou um acordo de delação. Era o principal contato da Globo com a CBF.

Uma pequena cronologia para se entender o quadro atual:

18 de setembro de 2014 –
entrevistado pelo GGN, o jornalista Andrew Jennings desafiava: brasileiros, cadê vocês? Forcem a CBF a abrir as contas”. Crítico da copa do Mundo no Brasil, Jennings afirmou que “há muito o que a democracia brasileira poderia ter feito que não fez. Legalmente, cuidar dos interesses do próprio país e do interesse no futebol. O governo falhou, foram covardes contra um exército desarmado”.

12 de dezembro de 2014 –
J.Hawila acerta o acordo de delação com o FBI.

No acordo, devolveu US$ 151 milhões de dólares, sendo US$ 25 milhões foram pagos no momento do acordo, segundo o documento divulgado pela Justiça dos Estados Unidos. Segundo a Justiça americana, Hawilla foi indiciado e culpado por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça.

O teor da delação tornado público não mencionava a Globo e pouco se referia aos contratos da CBF. Concentrava-se mais nas operações com a FIFA e nos Estados Unidos.

27 de maio de 2015 – o FBI cerca um hotel em Zurique e prende vários executivos da FIFA. Explode o escândalo tendo
como epicentro da brasileira Traffic, de J. Hawilla, principal instrumento da Globo para garantir a primazia nas transmissões de futebol no país, além de dono de várias afiliadas da rede.

Globo Esporte noticia as investigações do FBI sobre a CBD (
Justiça dos EUA: contrato da CBF com fornecedora é investigado por propina). Mas se refere exclusivamente aos contratos de fornecedores.

2 de julho de 2015 –
Segundo informou o colunista Ricardo Feltrin, da UOL, a pedido do FBI, a Polícia Federal passou a investigar os contratos da Globo com a CBF.

“A reportagem do UOL apurou que contratos assinados entre a TV e a entidade em anos passados serão submetidos ao escrutínio de especialistas da PF. Trata-se, inclusive, de parte da colaboração que o país vem fazendo com as investigações do FBI (...) A PF quer entender como funcionou a relação entre a gestão do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e o Departamento de Esportes da Globo. Na TV aberta a Globo detém o monopólio de transmissão dos principais torneios de futebol há quase 40 anos”.

10 de fevereiro de 2016 – em entrevista ao GGN,
Jamil Chade traz duas informações relevantes. A primeira, a de que o FBI se deu conta de que o Brasil já estaria preparado para encarar seus grandes escândalos a partir das manifestações de junho de 2013. Um deles, foi o que resultou na Lava Jato. O segundo, o da FIFA. Mas as autoridades norte-americanas não entendiam a razão do Ministério Público brasileiro ser o mais refratário a colaborar com as investigações.

Durante as próprias manifestações de 2013, a Globo fechara o acordo tácito com o MPF (Ministério Público Federal), transformando em tema nacional o veto à PEC 37 (que reduzia os poderes de iinvestigação do MPF) passando a partir de então a avalizar todas suas ações, incentivando o jogo político. Dessa parceria, monta-se a divulgação maciça de escândalos, com o MPF e a PF alimentando a mídia com vazamentos diários, gerando o clima de catarse que leva multidões às ruas pedindo o impeachment de Dilma Rousseff.

Peça 3 – a mão estrangeira nos movimentos de rua

O aparecimento de organizações como o Movimento Brasil Livre (MBL) colocou no foco os
irmãos Kock, bilionários norte-americanos que resolveram investir na mobilização política nos Estados Unidos e em outros países, como templários do livre mercado. Seguem uma antiga tradição de grupos empresariais fundamentalistas, como o W.R.Grace, católicos de origem irlandesa que, nos anos 60, bancavam o padre Peyton e sua cruzada pelo “rearmamento moral”. No Brasil, também surgiram organizações bancadas com recursos de grandes grupos.

Hoje em dia, com os avanços do big data, tornou-se relativamente simples viralizar bandeiras, protestos, principalmente quando se cria o caldo de cultura adequado, através dos grandes veículos de comunicação.

Conclusão

Até agora, a concentração de mídia era vista como instrumento que desequilibrava o jogo político e social, impedindo as manifestações plurais, especialmente das faixas de menor renda.

A crise que culminou no impeachment de Dilma - e que poderá levar ao impeachment de Temer - tem desdobramentos muitos mais sérios: a destruição da engenharia nacional, os acordos de mercado com uma quadrilha que assume o poder, atacando as reservas de pré-sal, promovendo vendas de empresas estatais na bacia das almas, se propondo a autorizar a venda maciça de terras para estrangeiros.

Claramente o monopólio de mídia torna-se uma ameaça real à soberania nacional.

Nesses tempos de redes sociais, big datas e cooperação internacional, bastou a cumplicidade de um juiz de 1a instância junto com procuradores e delegados de um estado interiorano – , a cooptação do maior grupo de mídia do país, e a organização, via redes sociais, de movimentos de rua, para implodir o sistema político, proceder a uma queima irresponsável de ativos nacionais e impor uma agenda econômica sem negociação e sem aprovação da opinião pública.

A partir da reorganização política brasileira, em que base se der, a questão da regulação da mídia e das concessões, assim como o enquadramento do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, ao lado de formas modernas de combate à corrupção, terão que se converter em bandeiras prioritárias para a consolidação da democracia.

POLÍTICA - Moro condena Palocci.

Moro condena Palocci e se prepara para Lula

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Sérgio Moro, o juiz da sentença pronta antes mesmo de começado o processo, anunciou a pena imposta ao ex-ministro Antonio Palocci: 12 anos e dois meses de prisão.

Levou dez dias para cumprir a formalidade de agregar trechos das alegações finais apresentadas por Palocci que, evidentemente, não vêm ao caso, exceto para cumprir tabela.

É provável que, portanto, anuncie a condenação de Lula que só não está em papel amarelado pelo tempo porque escrita no computador.
O objetivo é andar rápido para que a troika instalada no Tribunal Regional Federal confirme a sentença antes das eleições e tire Lula, o preferido da maioria dos eleitores, da disputa.

O messianismo judicial está à toda no Brasil.

Falta pouco para que tenhamos uma eleição disputada por Sérgio Moro, Joaquim Barbosa, Cármem Lúcia e Rodrigo Janot.

Quem quiser entrar na vida pública, agora, tem de fazer concurso para juiz ou promotor.

Quando eles querem, a Justiça é célere.

E celerada.

Altamiro Borges: Max Weber e a coragem para absolver

Altamiro Borges: Max Weber e a coragem para absolver: Por Tarso Genro, no site Sul-21 : A viagem do Presidente Temer, cercada de inoperância e desprestígio político, o arquivamento preliminar d...

POLÍTICA - Karl Marx, quem diria, já pode voltar.

 

Karl Marx, quem diria, já pode voltar

Por Vicenço Navarro, no site Outras Palavras:

Uma das colunas mais conhecidas da revista semanal The Economist, a Bagehot (que tem como responsável Adrian Wooldridge) publicou, na edição de 13 de maio, um artigo que seria impensável encontrar nas páginas de qualquer revista econômica de orientação igualmente liberal, na Espanha [ou no Brasil].

Sob o título “O momento marxista” e o subtítulo “Os trabalhistas têm razão: Karl Marx tem muito a ensinar aos políticos de hoje”,
Bagehot analisa o debate entre o dirigente do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, e seu ministro sombra da Economia e Fazenda, o John McDonnell, por um lado, e os dirigentes do Partido Conservador e os jornais conservadores Daily Telegraph e Daily Mail, por outro. Definir esse diálogo como debate é, sem dúvida, excessivamente generoso por parte da coluna Bagehot, pois a resposta dos jornais conservadores e dos dirigentes conservadores aos dirigentes trabalhistas é uma demonização tosca, grosseira e ignorante de Marx e do marxismo, confundindo marxismo com stalinismo, coisa que também acontece constantemente nos maiores meios de comunicação, em sua maioria de orientação conservadora ou neoliberal.
Uma vez descartados os argumentos da direita britânica, a coluna Bagehot passa a discutir o que considera as grandes profecias de Karl Marx (assim as define), para entender o que está acontecendo hoje no mundo capitalista desenvolvido. Conclui que muitas das previsões do velho economista resultaram corretas. Entre elas destaca que:

1. A classe capitalista (que a coluna Bagehot insiste que continua a existir, ainda que não use esse termo para defini-la), a dos proprietários e gestores do grande capital produtivo, está sendo substituída – como anunciou Marx – cada vez mais pelos proprietários e gestores do capital especulativo e financeiro, que Marx (e a coluna Bagehot) consideram parasitários da riqueza criada pelo capital produtivo. Essa classe parasitária é a que, segundo a coluna, domina o mundo do capital, sendo tal situação a maior responsável pelo “abusivo” e “escandaloso” (termo utilizado por Bagehot) crescimento das desigualdades.

Os capitalistas conseguiram cada vez mais benefícios, à custa de todos os demais. Para demonstrá-lo, o colunista do The Economist assinala que, enquanto em 1980 os executivos-chefes das cem mais importantes empresas britânicas tinham rendimento 25 vezes maior que o do empregado típico de suas empresas, hoje, ganham 130 vezes mais. As equipes dirigentes dessas corporações inflaram sua remuneração às custas de seus empregados, ao receber das empresas pagamentos (além do salário) por meio de ações, aposentadorias especiais e outros privilégios e benefícios. Mais uma vez, Bagehot ressalta que Marx havia previsto o que ocorreu. E mais: a coluna descarta o argumento segundo o qul essas remunerações devam-se às exigências do mercado de talentos, pois a maioria desses salários escandalosos dos executivos foi atribuída por eles mesmos, através de seus contatos nos Comitês Executivos das empresas.

2. Marx e Bagehot questionam a legitimidade dos Estados, instrumentalizados pelos poderes financeiros e econômicos. As evidências acumuladas mostram que o casamento do poder econômico com o poder político caracterizou a natureza dos Estados. A coluna Bagehot faz referência, por exemplo, ao caso de Tony Blair, que de dirigente do Partido Trabalhista britânico, passou a ser assessor de entidades financeiras e de governos indignos. Em qualquer outro país, poderíamos incluir uma longa lista de ex-políticos que hoje trabalham para as grandes empresas, colocando a seu serviço todo o conhecimento e contatos adquiridos no exercício do seu cargo político.

3. Outra característica do capitalismo prevista por Marx – segundo a coluna Bagehot – é a crescente monopolização do capital, tanto produtivo como especulativo, que está ocorrendo nos países capitalistas mais desenvolvidos. Bagehot aponta como essa monopolização foi ocorrendo.

4. E, como se não bastasse, Bagehot assinala que Marx também tinha razão quando observou que o capitalismo cria pobreza por si só, através da redução salarial. Na realidade, Bagehot esclarece que Marx falava de “pauperização”, que é – segundo o colunista – um termo exagerado mas correto na essência, pois os salários foram baixando desde que a atual crise teve início, em 2008, de tal maneira que, no ritmo atual, a tão proclamada “recuperação” econômica não permitirá que se alcancem, por muitos anos, os níveis de emprego e de salário anteriores à Grande Recessão. Além dessas grandes previsões, a coluna Bagehot ainda afirma que a crise atual não pode ser entendida, como observou Marx, sem compreender as mudanças dentro do capital, por um lado, e o crescimento da exploração da classe trabalhadora, por outro,

Pode o leitor imaginar algum grande jornal espanhol [ou brasileiro], seja de economia ou não, que permita a publicação de um artigo como esse? The Economist é o semanário liberal mais importante do mundo. Promove constantemente essa ideologia. Mas alguns de seus principais colunistas são capazes de aceitar que, depois de tudo, Marx, o maior crítico do capitalismo, tinha muita razão. Seria, repito, impensável que, em outros países, qualquer grande jornal publicasse tal artigo, com o tom e a análise que tornam a coluna uma das maiores da revista, assinada por um dos liberais mais ativos e conhecidos. A coluna e seu responsável não se converteram ao marxismo, com certeza. Mas reconhecem que o marxismo é uma ferramenta essencial para entender a crise atual. Na realidade, não são os primeiros que o fizeram. Outros economistas reconheceram essa verdade ainda que, em geral, não se enquadrem na sensibilidade liberal. Paul Krugman, um dos economias keynesianos mais conhecidos hoje, disse recentemente que o economista que melhor havia previsto e analisado as crises cíclicas do capitalismo, como a atual, havia sido Michal Kalecki, que pertenceu à tradição marxista.

Onde a coluna Bagehot se engana, por certo, é no final do artigo, quando atribui a Marx políticas levadas a cabo por alguns de seus seguidores. Confundindo marxismo com leninismo, a coluna conclui que a resposta histórica e a solução que Marx propõe seriam um desastre. O fato de o leninismo ter uma base no marxismo não quer dizer que todo marxismo tenha sido leninista, erro frequentemente cometido por autores pouco familiarizados com a literatura científica dessa tradição. Na verdade, Marx deixou para o final o terceiro volume de O Capital, que deveria dedicar-se precisamente na análise do Estado. Por desgraça, nunca pude iniciá-lo. Mas o que ele escreveu sobre a natureza do capitalismo foi bastante acertado, de modo que não se pode entender a crise sem recorrer a suas categorias analíticas. A evidência disso é claramente contundente, e o grande interesse que surgiu no mundo acadêmico e intelectual anglo-saxão, sobretudo nos EUA e no Reino Unido (onde The Economist é publicado) é um indicador disso. Mas temo que o que está ocorrendo la não se repetirá neste país, onde os maiores meios de informação são predominantemente de desinformação e persuasão.

* Tradução de Inês Castilho.

POLÍTICA - Lula e Bolsonaro sobem.

Lula e Bolsonaro sobem; o PSDB encolhe

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), ex-militar candidato da extrema-direita, engoliu os presidenciáveis do PSDB na disputa pelo segundo lugar, enquanto o ex-presidente Lula sobe e segue líder disparado em todos os cenários de primeiro turno para 2018.

Ao mesmo tempo, o PT volta a crescer e chega a 18% na preferência dos eleitores, enquanto o PSDB encolhe para 5%, ao lado do PMDB, os principais partidos da aliança governamental.

Este é o resumo da ópera da nova pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, a primeira após as delações da JBS.
Nos oito cenários de primeiro turno apresentados pela pesquisa, a ex-senadora Marina Silva, da Rede, fica atrás apenas de Lula, que tem 30%, empatada com Jair Bolsonaro, com metade das intenções de voto do petista.

Lula tinha 22% em dezembro de 2015, quando Marina liderava com 24%, aparecendo agora com 15%.

Neste período, Bolsonaro subiu 11 pontos, saindo de 5% para os atuais 16%.

Os tucanos Alckmin (8%) e Doria (9%) surgem empatados em quinto lugar. Aécio Neves não aparece mais na lista.

A rejeição a Lula oscilou para cima de 45 pra 46%. Alckmin (34%) e Bolsonaro (30%) vêm em seguida.

Em informação escondida no pé da matéria "Com Lula líder, Bolsonaro e Marina disputam 2º lugar", a Folha registra que a popularidade do PT subiu de 11%, em 2015, para 18% dos eleitores com preferência partidária.

No mesmo período, o PSDB caiu de 9 para 5%. A maioria do eleitorado declarou não ter preferência por nenhum partido.

As novidades nesta pesquisa são os nomes do campo jurídico: Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF, e o juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo contra Lula na Lava Jato, ambos sem partido.

No primeiro turno, Sergio Moro surge com 14%, empatado com Marina Silva, no cenário que tem Lula com 29%. Joaquim Barbosa tem entre 10 e 13%.

No segundo turno, Moro (42%) está em empate técnico com Lula (40%). Se a adversária for Marina, Lula também empata em 40%. Em qualquer outro cenário, o ex-presidente está na frente.

Faltam ainda 14 meses para as eleições presidenciais, se não houver nenhum imprevisto no caminho.

Vida que segue.

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domingo, 25 de junho de 2017

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sábado, 24 de junho de 2017

Altamiro Borges: Temer faz crescer vergonha de ser brasileiro

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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Altamiro Borges: 'Le Monde" e o fiasco de Temer no mundo

Altamiro Borges: 'Le Monde" e o fiasco de Temer no mundo: Por Fernando Brito, no blog Tijolaço : Sobre o fiasco da viagem de Michel Temer ao exterior, a reportagem de hoje do Le Monde , em vers...

Altamiro Borges: “Classe média é feita de imbecil pela elite”

Altamiro Borges: “Classe média é feita de imbecil pela elite”: Por Sergio Lirio, na revista CartaCapital : Em agosto, o sociólogo Jessé Souza lança novo livro, A Miséria da Elite – da Escravidão ...

Altamiro Borges: “Classe média é feita de imbecil pela elite”

Altamiro Borges: “Classe média é feita de imbecil pela elite”: Por Sergio Lirio, na revista CartaCapital : Em agosto, o sociólogo Jessé Souza lança novo livro, A Miséria da Elite – da Escravidão ...

Altamiro Borges: Temer parte de vez para seu universo paralelo

Altamiro Borges: Temer parte de vez para seu universo paralelo: Por Pedro Breier, no blog Cafezinho : O discurso de Michel Temer, ontem, na Rússia, é o delírio de um desesperado. O ainda presidente...

Altamiro Borges: Aécio Neves pendura o PSDB em Michel Temer

Altamiro Borges: Aécio Neves pendura o PSDB em Michel Temer: Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo : O maior especialista em Aécio Neves no Brasil é Rogério Correia. Rogério Correia é deputad...

Altamiro Borges: O destino adiado de Aécio Neves

Altamiro Borges: O destino adiado de Aécio Neves: Por Matheus Pichonelli, no site The Intercept-Brasil : O país viu um pouco de tudo desde o início da hecatombe política provocada pela...

Altamiro Borges: Testemunhas desmontam acusações a Lula

Altamiro Borges: Testemunhas desmontam acusações a Lula: Do site Lula : Em depoimentos prestados nesta quinta-feira (22) ao juiz da 10a. Vara Federal de Brasília, testemunhas convocadas pelo M...

Altamiro Borges: O janelão estilhaçado da Rede Globo

Altamiro Borges: O janelão estilhaçado da Rede Globo: Por Tatiana Carlotti, no site Carta Maior : Em tempos de golpe, a fragilidade das nossas instituições democráticas se escancara. Na sea...

Altamiro Borges: Nem de Lula ou da OAS: triplex é da Caixa

Altamiro Borges: Nem de Lula ou da OAS: triplex é da Caixa: Por Cíntia Alves, no Jornal GGN : A defesa do ex-presidente Lula apresentou, durante coletiva de imprensa em São Paulo, o teor das ale...

Altamiro Borges: Globo mete a mão na grana até pela Rouanet

Altamiro Borges: Globo mete a mão na grana até pela Rouanet: Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo : Um ministro de Geisel uma vez disse o seguinte num despacho para seu chefe: “O...

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Moro, e se fosse você?


Altamiro Borges: Previdência: Excluir para crescer?

Altamiro Borges: Previdência: Excluir para crescer?: Por Bráulio Santiago Cerqueira, no site Brasil Debate : Muito se discute sobre a proposta de reforma da previdência (PEC no 287/2016) envi...

Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira

Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira: Por Chico Whitaker, no site da Fundação Maurício Grabois : Shakespeare, se vivesse no Brasil destes últimos dois anos, teria muita matéria...

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Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira: Por Chico Whitaker, no site da Fundação Maurício Grabois : Shakespeare, se vivesse no Brasil destes últimos dois anos, teria muita matéria...

Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira

Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira: Por Chico Whitaker, no site da Fundação Maurício Grabois : Shakespeare, se vivesse no Brasil destes últimos dois anos, teria muita matéria...

Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira

Altamiro Borges: Shakespeare e a crise brasileira: Por Chico Whitaker, no site da Fundação Maurício Grabois : Shakespeare, se vivesse no Brasil destes últimos dois anos, teria muita matéria...

Kátia Abreu vs Marta Suplicy


terça-feira, 20 de junho de 2017

POLÌTICA - O xadrez do golpe que gorou.

O xadrez do golpe que gorou

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

No início parecia simples, muito simples.

1. Em momentos de mal-estar generalizado, a personificação da crise é sempre o presidente da República. E se tinha uma presidente impopular que cometeu inúmeros erros.

2. Com a ajuda da Lava Jato, a mídia completa o trabalho de desconstrução do governo e estimula as manifestações de rua, intimidando o STF (Supremo Tribunal Federal).

3. No Congresso, PMDB e PSDB travam as medidas econômicas de modo a impedir que a presidente acerte o passo.

4. Derrubada a presidente, implementam-se rapidamente medidas radicais, a tal Ponte Para o Futuro, que não seriam aprovadas em período de normalidade. Caso haja movimentos de rua, aciona-se a Polícia Militar e as Forças Armadas.
5. Com a Lava Jato, mantem-se a pira acesa e impugna-se Lula.

6. Com as medidas, haverá uma fase inicial dura, que será debitada na conta do interino. Depois, uma economia em recuperação, em voo de cruzeiro, que será cavalgada pelo campeão em 2018.

7. E corre-se para comemorar o gol.

Foi esse o plano, tão raso e simples quanto uma análise da Globonews, que estava por trás do golpe. O primarismo desse pessoal foi esquecer que o Brasil se tornou um país complexo, no qual não cabem mais os modelos simplórios de golpismo parlamentar.

Me lembrou a primeira vez que fui cobrir um congresso de economia em Olinda, em 1982.

O candidato apresentava sua tese à banca. Montava seu modelito de país apenas com os atores diretamente ligados ao tema e que não atrapalhassem a tese defendida.

Aí vinham os examinadores, especialmente Maria da Conceição Tavares e indagava: cadê a agricultura? Cadê os consumidores? Cadê o constrangimento externo?

O candidato, então, era obrigado a colocar de volta no modelo os atores extirpados. Quando colocava, o modelo não fechava mais.

Ilusão 1 – a não-solução Temer

Enquanto Dilma Rousseff era presidente, automaticamente também era o alvo preferencial do mal-estar geral. Quando ela sai, o alvo passa a ser o novo presidente, envolvido até o pescoço nas investigações da Lava Jato.

Na pressa em derrubar Dilma e aplicar o golpe perfeito, nem se cuidou de analisar melhor a personalidade do substituto. A mídia julgou possível reconstruir a biografia de Temer com suas pós-verdades. E constatou rapidamente que apostara todas suas fichas em um dos políticos mais medíocres da República.

Até então, tinha feito uma carreira política rigorosamente fora do alcance dos holofotes. Assumindo o posto, levou para o Palácio seus quatro operadores pessoais e enrolou-se até em episódios menores, como o caso da carona no avião da JBS.

Exposto à luz do sol, desmanchou.
Ilusão 2– as reformas sem povo

Só a profunda ignorância de uma democracia jovem para supor ser possível uma organização suspeita se apossar do poder e enfiar na marra reformas radicais contra a maioria da opinião pública.

Pouco a pouco vai caindo a ficha – mesmo dos economistas mais liberais - que não existe saída fora da discussão democrática com todos os setores. A não ser que se pretenda manter o país permanentemente em um estado de exceção. Nesse caso, a escolha do ditador não será deles.

Ao mesmo tempo, a ilusão de que a mera troca de governo e o anúncio de reformas acordaria o espírito animal do empresário trombou com a realidade. A soma de recessão mais juros reais em alta liquida com qualquer pretensão de equilíbrio fiscal. Sem uma atitude ousada, de incremento calculado dos gastos públicos, não haverá recuperação da economia. E esse passo só poderá ser dado em um clima de entendimento entre os principais atores políticos e econômicos.
Ilusão 3 – engarrafando o gênio

Tiraram o gênio da garrafa e ordenaram: os limites são Lula e o PT. Depois tentaram engarrafar novamente, mas o gênio não quer voltar para a garrafa.

Nesse torvelinho, o PSDB foi devorado, seu presidente deverá ser preso nos próximos dias, o outro presidenciável, José Serra, escondeu-se – como sempre fez em momentos críticos -, as demais lideranças se enrolam entre ficar ou sair. E, com isso, obrigaram seu principal porta-voz, Ministro Gilmar Mendes, a se expor mais ainda.

Gilmar é o exemplo mais didático da manipulação da interpretação da lei, peça central do ativismo judicial. Tudo o que estimulou, no período que antecedeu e durante o impeachment, volta-se contra os seus. E Gilmar é obrigado a mudar totalmente seu discurso, mostrando que a posição ideológico-partidária de muitos magistrados antecede sua interpretação da lei. Há uma interpretação para cada ocasião.

Tem-se, agora, um caos total no grupo que se aliou para promover o impeachment.
Ilusão 4 – o poder ilimitado da Globo

A Globo não tem mais a sutileza de outros tempos, de exercitar suas preferências sem deixar digitais. Agora está se imiscuindo até nas eleições para a lista tríplice de Procurador Geral da República.

Em duas matérias seguidas – uma solta, outra cobrindo o debate dos candidatos – tenta comprometer dois favoritos às eleições, sustentando que são apoiados por lideranças com processos na Lava Jato ou pelo próprio Michel Temer.

O Ministério Público é uma corporação composta por pessoas preparadas para os temas jurídicos, mas, em geral, desinformadas sobre as jogadas político-midiáticas. Mas é impossível que esse pacto Janot-Globo passe despercebido da categoria, como uma intromissão descabida nos seus assuntos internos, tão descabida (aos olhos da corporação) quanto uma escolha de PGR fora da lista tríplice.

Todo esse jogo tem como pano de fundo os últimos capítulos das investigações do FBI sobre a FIFA. Com o indiciamento do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, o escândalo finalmente chega à Globo. Será cada vez mais difícil ao MPF – e à cooperação internacional – justificar a inação no fornecimento de informações ao FBI.

Com o acordo com Janot, a Globo tenta se blindar. O escândalo Del Nero está nas principais publicações internacionais, mas continua solenemente ignorado pelo PGR e sua equipe.

Essa circunstância pode explicar o surpreendente pacto Globo-PGR para, de um lado, derrubar Michel Temer, de outro garantir que o candidato de Janot seja o mais votado da lista tríplice.
Ilusão 5 – jogo sem vencedores

A evolução da crise política, econômica e social mostra que será impossível se ter um vencedor nesse jogo. Os principais atores já estão mortalmente feridos ou em vias de.

O PSDB inviabiliza-se como alternativa. O “novo” João Dória Jr se desmancha no ar a cada dia, com provas cada vez mais evidentes da desinformação sobre a montagem de políticas públicas eficazes. Apelando cada vez mais para factoides de redes sociais, para radicalizações inconsequentes, consegue desgastar rapidamente sua imagem.

Do mesmo modo, embora ainda contando com apoio popular, a cada dia que passa a Lava Jato se isola, já que o espaço amplo de que dispunha se devia ao endosso total da mídia e do mercado ao delenda-Lula. Quando extrapolou, deixou de contar com o apoio unânime desses setores. Episódios como as palestras de procuradores faturando em cima do episódio, a desgasta não apenas em muitos setores, mas dentro do MPF.

A própria Globo terá que enfrentar um poder superior, supranacional, em territórios externos, onde sua influência não conta muito.

Chega-se, assim, àqueles momentos de impasse, em que a guerra leva a um jogo de perde-perde.

E, no Paraná, um juiz obcecado, e procuradores partidarizados, pretendem inviabilizar Lula, um dos pilares centrais para uma saída pacífica da encrenca em que engolfaram o país.

Altamiro Borges: O exército dos EUA chegará à Amazônia?

Altamiro Borges: O exército dos EUA chegará à Amazônia?: Por Raúl Zibechi, no site Outras Palavras : Pela primeira vez na história, tropas dos Estados Unidos participam de um exercício militar ...

Bob Fernandes | Só queriam pegar o PT, mas chegaram aos demais. Agora qu...


domingo, 18 de junho de 2017

POLÍTICA - Joesley e os interesses da Globo.

Joesley e os interesses da Globo



Por Leandro Fortes

A Globo capturou as manifestações de 2013 e as colocou em sua grade de programação – com agendas e transmissões ao vivo – para fazer daquelas “jornadas” o primeiro movimento manipulado de massas com vistas a tirar o PT do poder.

Deu no que deu: em três anos, ajudou a colocar essa quadrilha chefiada por Michel Temer no Palácio do Planalto. Exatamente como fez, em 1989, quando usou seu poder de monopólio para colocar, no mesmo lugar, outra quadrilha, a de Fernando Collor de Mello.

Agora, como no caso de Collor, anuncia um desembarque triunfante, entregando Temer aos leões, mas com o cuidado recorrente de se tornar dona do processo para que, como de costume, as coisas possam mudar de tal forma que permaneçam da mesma forma que estão.
Essa entrevista de Joesley Batista à revista Época, como tudo que vem do esgoto global, tem que ser observada com muito cuidado, justamente porque nada, ali, acontece por acaso.

Não tenho a intenção de ler as 12 páginas que anunciam ser o depoimento de Joesley Batista, da JBS, à revista impressa. Nem com um vidro de Milanta Plus eu me disponho a uma coisa dessa. Por isso, me atenho ao que foi disponibilizado na internet, o que, imagino, seja o de mais importante da entrevista.

Assim, é bom prestar atenção na manchete de letras garrafais que chama para a publicação:

“Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”.

Pelo que se depreende da entrevista na internet, essa manchete é fruto de um silogismo pedestre. O que está lá é o seguinte, dito por Joesley:

“O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa”.

Sacaram?

Logo na chamada introdutória, o texto supervaloriza a entrevista porque esta teria sido fruto de “semanas de intensas negociações”.

Ora, a notícia da delação de Joesley foi publicada em 17 de maio. Há quatro semanas, portanto. Mesmo que Época tivesse entrado em contato com o empresário no minuto seguinte ao furo de O Globo, essa valorização já seria ridícula.

Por isso, algo me diz que as negociações podem até sido intensas, mas longe do conceito tradicional de persuasão jornalística.

Também, lá pelas tantas, Época informa aos leitores que, segundo Joesley, “o PT de Lula ‘institucionalizou’ a corrupção no Brasil”.

Bom, pode ser que nas intermináveis 12 páginas disponíveis nas bancas tenha algo mais sólido, a respeito. Mas o que tem na entrevista disponibilizada, no site da Época, é o seguinte, dito por Joesley:

“O PT mandou dar um dinheiro para os senadores do PMDB. Acho que R$ 35 milhões”.

Ou seja, Joesley Batista tem um problema grave de metodologia, quando se trata de dar propina ao PT. Na delação formal, diz que abriu uma conta na Suíça para Dilma e Lula, mas no nome dele. E só ele tem a senha. Agora, revela que o PT “mandou dar dinheiro” para os senadores do PMDB. E acha (!) que eram R$ 35 milhões (!!).

O repórter, simplesmente, não pergunta quem do PT deu a ordem de dar dinheiro, nem quem eram os senadores do PMDB que o receberam. Nem por curiosidade.

Mais adiante, Joesley revela que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, pediu R$ 5 milhões para evitar uma CPI contra a JBS. Segundo Cunha, esse era o valor oferecido por uma empresa concorrente de Joesley para a tal CPI ser aberta.

Qual era a concorrente? Nenhuma pergunta a respeito.

Na mesma linha, segundo Joesley, o operador de propinas do PMDB, Lúcio Funaro, fazia a mesma coisa. Colocava-se para barrar requerimentos de CPIs na Câmara, mas o empresário descobriu que era “algum deputado”, a mando de Funaro, que protocolava as ações.

Quem era um desses deputados pagos por Lúcio Funaro? Nenhuma pergunta a respeito.

Além disso, o repórter incrivelmente não se interessou em perguntar a razão de a JBS ter dado R$ 2,1 milhões a Gilmar Mendes, a título de patrocínio de uma faculdade da qual o ministro do STF é sócio.

A não ser que essa pergunta esteja nas tais 12 páginas, estamos diante de um lapso jornalístico bastante curioso.

Então, é o seguinte.

A Globo decidiu capturar, também, o #ForaTemer, depois de ter sido a protagonista do golpe que colocou essa gente no poder. Por isso, mantém Joesley Batista acorrentado a si.

Quer, outra vez, estar à frente do processo de sucessão presidencial para manter seus negócios e interesses intocados. Para isso, precisa de um presidente eleito indiretamente por esse Congresso vil e repugnante resultado, justamente, das tais jornadas de 2013.

Joesley Batista, ao que parece, é o novo Pedro Collor, o irmão-delator que a Veja usou para derrubar o “caçador de marajás” que ela ajudou a criar junto com a Globo – e que foi enterrado pelas duas com a mesma desfaçatez com que pretendem se livrar, agora, de Michel Temer.