Foto: Ricardo Stuckert
Do blog de Mauro Santayana
Aqueles que estão soltando foguetes que nos desculpem, mas não nos
colocamos entre os que comemoram, efusivamente, as últimas notícias.
Moralmente e por uma questão de princípios em defesa da democracia,
quem está contra os casuísmos e arbitrariedades jurídico-investigativas
da Operação Lava Jato no caso de Lula, tem que se manter contra esse
tipo de coisa também quando o atingido é o campo adversário.
Até mesmo porque parte, e faz parte da estratégia, de quem tem apenas um interesse: o seu próprio lado.
Não vemos como solução para o país um impeachment de Temer a ser
conduzido pela figura nefasta da Janaína Paschoal, que já defende essa
hipótese para aparecer nos jornais, nem a convocação de eleições
indiretas para a Presidência da República para as quais a mídia já
especula, significativamente, citando o nome de Sérgio Moro, se
"magistrado poderá ser candidato".
Isso, em um processo a ser conduzido por um congresso
majoritariamente golpista, em grande parte também investigado por uma
operação cuja autoridade máxima é o próprio "chefe" da República de
Curitiba.
A ideia de uma nova campanha pelas Diretas Já é correta, do ponto de vista da lógica democrática.
Mas se formos objetivos e pragmáticos, considerando a atual
situação política, retira tempo precioso da oposição, que poderia ser
utilizado, caso as eleições se fizessem normalmente em 2018, para que
Lula se recuperasse e refizesse - aproveitando a crescente
impopularidade do governo Temer e denunciando e esclarecendo as mentiras
de que tem sido alvo - sua relação com a opinião pública e seu caminho
para a Presidência da República.
Uma eleição agora, mesmo que direta, pode jogar o poder no colo de
Jair Bolsonaro, apoiado pela sensação de caos institucional, pela
condição de não estar sendo processado pela Lava Jato, e, caso chegue ao
segundo turno, como as pesquisas indicam, por uma aliança que
abrangeria da extrema-direita a setores mais oportunistas do próprio
PMDB e do PSDB, passando pelo "centro" fisiológico dos partidos nanicos
conservadores, unida pelo objetivo comum de evitar, a qualquer custo,
que o PT e sua "jararaca" voltem à Presidência da República.
Finalmente, a leitura mais correta é de que os principais alvos das
mais recentes manobras da "justiça" não sejam nem Temer nem Aécio, por
mais implacáveis que sejam, contra ele, os juízes e procuradores.
As acusações contra os dois foram forjadas - já que se tratam
claramente de arapucas propositadamente montadas - como forma de abrir
caminho, definitivamente, para a condenação de Lula.
A percepção da população de que a Justiça e o Ministério Público
estavam sendo totalmente seletivos e parciais no trato dos gregos com
relação aos troianos vinha crescendo a olhos vistos nas últimas semanas,
e aumentava, na mesma proporção, a popularidade e as intenções de voto
do ex-presidente da República, especialmente depois de seu depoimento
em Curitiba e da absurda proibição de funcionamento do seu instituto.
Com as acusações contra Temer e Aécio, o anti-petismo entrega duas
torres para capturar e eliminar o Rei que odeia e persegue, sem êxito,
há tanto tempo.
A partir de agora, ninguém pode mais dizer que a Operação Lava Jato só atinge o PT, enquanto afaga seus adversários.
E Lula poderá então, ser condenado "exemplarmente" por Moro,
aproveitando-se o caos político que tomará conta do país nas próximas
semanas, sendo definitivamente impedido de voltar por via eleitoral ao
Palácio do Planalto, tanto agora, em eventuais "Diretas Já", como em
2018.
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