segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Minha descoberta da meditação.

Minha descoberta da meditação: por que não tentar?

Ricardo Kotscho  
meditacao Minha descoberta da meditação: por que não tentar?
"Esqueça suas ideias preconcebidas sobre meditação. Esqueça a embalagem esotérica. A meditação vale muito a pena _ mesmo se você tiver vergonha de admitir que está praticando" (Dan Harris).
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Trata-se de algo tão pessoal e intransferível que fiquei em dúvida se deveria tratar aqui desta descoberta. Sei que corro o risco de incompreensão e ficar parecendo um novo "zen" tocando flauta na praça das perdidas ilusões, mas acho que devo compartilhar com vocês a minha recente experiência com a atividade da meditação, após superar os preconceitos que ainda cercam esta prática secular.
Por uma feliz série de coincidências, resolvi ouvir as recomendações feitas por várias pessoas próximas e queridas, até pelo meu médico geriatra, um praticante e estudioso da meditação. Por que não tentar?, pensei comigo, já que mal não vai fazer.
Caiu nas minhas mãos e terminei de ler por estes dias o livro 10% Mais Feliz _ Como aprendi a silenciar a mente, reduzi o estresse e encontrei o caminho para a felicidade _ Uma história real, de Dan Harris, lançado no Brasil pela Editora Sextante. O autor também é jornalista, repórter e apresentador da rede de televisão americana ABC News, um agnóstico tão cético quanto eu, que nunca tinha se interessado pelo assunto, antes de ser escalado para fazer matérias nesta área.
"Se, no dia em que cheguei a Nova York para começar minha carreira em telejornalismo, você dissesse que eu acabaria usando a meditação para neutralizar o poder da voz dentro da minha cabeça, eu teria rido na sua cara. Até pouco tempo, meditação para mim era coisa de mestres indianos de barbas longas e hippies que não gostam de tomar banho (...) Depois de aprender a meditar, a prática vai criar espaço em sua cabeça para que, quando estiver furioso ou irritado, você tenha menos propensão a morder a isca e perder as estribeiras", escreveu ele na apresentação do livro.
Foi o que aconteceu comigo apenas alguns dias depois de me dar a primeira chance, e foi bem mais simples do que eu pensava. Não existe uma receita pronta e acabada para meditar, nem era o objetivo de Harris fazer proselitismo para entregar um prato feito aos leitores como tantos autores de livros de autoajuda.
Correspondente de guerra escalado para a cobertura de conflitos pelo mundo afora, do Afeganistão ao Congo, passando por Palestina, Israel,Iraque, Haiti e Camboja, entre outros países, Dan Harris era um profissional extremamente competitivo, que só pensava em subir na carreira, quando acabou descambando para as drogas e teve um ataque de pânico ao vivo durante a apresentação de um telejornal da ABC em rede nacional. Salvou-o uma decisão da chefia da emissora que mudou sua pauta, para preservá-lo, e assim ele trocou as guerras por temas, digamos, mais espirituais.
O resto desta fascinante história, contada com muita franqueza, compaixão e desapego, vocês podem encontrar neste pequeno livro de 218 páginas: é um thriller da vida real com final feliz.
Vou dar apenas um breve testemunho sobre o que aconteceu comigo, sem querer ensinar nada a ninguém. Fui lendo o livro aos poucos, à noite, antes de fazer minha meditação, já deitado na cama, para dormir em seguida.
Bastam 15 a 20 minutos por dia. O mais importante que aprendi foi a prestar atenção na respiração e tentar não pensar em nada ou só imaginar coisas boas para esvaziar a cabeça do maior mal que me afligia: a pré-ocupação, ou seja, o hábito de me preocupar com o que fiz ou deixei de fazer, e os compromissos do dia seguinte, sempre achando que nada vai dar certo. Se os pensamentos ruins voltam, não tem problema, é só retomar o ponto inicial.
Algumas pessoas usam repetir um mantra, uma palavrinha qualquer, para dar ritmo ao ato de deixar entrar e sair o ar dos pulmões. Outras fazem uma oração final. Eu costumo ter uma breve conversa com meu pai do céu para agradecer pelo dia que passou e pedir proteção e saúde para a família, mas nada é obrigatório, não tem regra. Às vezes, durmo no meio da conversa. E tenho dormido muito bem.

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