O estilo José Aníbal no Instituto Teotônio Vilela

 
Em sua primeira intervenção como presidente do Instituto Teotônio Vilela, o ex-deputado José Aníbal definiu logo seu estilo:
 
O título do editorial é “Lula, a sua hora chegou”.
 
O intertítulo não fica a dever ao colunismo de ultradireita ao qual o PSDB passou a andar a reboque: “Ex-presidente terá de responder pelo balcão de negócios que, com sua ascensão à presidência, o PT armou no poder e transformou o governo federal num antro de corrupção”.
 
O artigo exercita o “se”  para apimentar os ataques:  “O Código Penal estipula pena de dois a cinco anos de reclusão para quem for condenado”.
 
Com o estilo escorreito dos grandes pensadores, o editorial decreta: “Lula, sua batata está assando…”. E prossegue com ironias típicas do padrão Veja: “Pelo visto, o investimento da empreiteira na contratação da mãozinha do ex-presidente compensou…”
 
Deixa de lado a informação de que a Camargo Correa contribuiu tanto para o Instituto Lula quanto para o Instituto FHC e decreta: “No início de junho, já haviam (sic) vindo a público pagamentos feitos pela Camargo Correa ao Instituto Lula e à empresa do ex-presidente, a LILS. Documentos apreendidos pela Lava-Jato registram repasses de R$ 4,5 milhões a título de “bônus eleitorais”, “contribuições e doações””.
 
Como não poderia deixar de ser, nesse nível de argumentação, invoca a falta de um dedo de Lula: “O estado atual de degradação em que o país foi posto tem as nove digitais – e muito mais – de Luiz Inácio Lula da Silva”.
 
Tal texto seria adequado para um militante de redes sociais, algum blogueiro alucinado ou para  os comentaristas da ultradireita escatológica. No site do Instituto incumbido de ajudar o PSDB a pensar o futuro, é uma tristeza, que denota a total incapacidade de Aníbal de ajudar o PSDB a recriar um discurso minimamente racional.
 
Para quem conheceu o PSDB de Covas, Sérgio Motta e Montoro, para quem acompanhou a saga de Teotonio Vilela, é a chamada vergonha alheia. É uma desgraça saber que o PSDB perdeu totalmente a capacidade de formular uma alternativa de governo.