sábado, 22 de novembro de 2014

POLÍTICA - Pô, a Dilma vai escalar o ministério do Aécio?

              
Sei que por enquanto está havendo muita especulação a respeito dos novos ministros. Mas nomear a Kátia Abreu, é querer afastar os movimentos sociais do novo governo, num momento em que eles seriam um contraponto ao movimento conservador fortemente apoiado pela mídia, que quer ditar os rumos do governo. Mais do que nunca o governo terá que contar com a pressão dos movimentos sociais e da militância, como ocorreu na reta final do processo eleitoral.
 Só falta chamar o Lobão para ministro da cultura ou o Ronaldo fenômeno para ministro dos esportes.
 Como diz o Paulo Nogueira, será que o PT só se lembra dos movimentos sociais, da militância, em época de eleição?

Escolher um "Chicago boy" para Ministro da Fazenda também não era o que a militância esperava. É trocar o Armínio Fraga pelo Levy, ou seja, quase seis por meia dúzia. Digo quase, pois  o Armínio fez seu nome não como ministro da fazenda do FHC, e sim trabalhando com o mega-especulador George Soros. Seria a volta do receituário do Consenso de Washington, do neoliberalismo, com seus dogmas como a "mão invisível do mercado", etc, etc.
Vamos aguardar a confirmação. Acho que a Dilma está lançando alguns "balões de ensaio", para testar a reações às suas escolhas ministeriais.
O mercado, quer dizer o 1%, representado por rentistas e especuladores, está soltando foguetes. É o prenúncio dos juros altos, do desemprego, do arrocho salarial, enfim, da política monetária de uma nota só. Quem tem que ficar contente são os 99% que precisam da economia real e não da virtual. O Delfim está certo quando diz que "algo está muito errado", quando você "tem" que colocar no Ministério da Fazenda", alguém do mercado financeiro. Será que a Dilma está com medo das desmoralizadas agências de classificação de risco, que não previram a crise de 2008, que elas diminuam a nota do Brasil? Que traria fuga de investidores? Quem deixará de vir é o especulador e este atrapalha mais do que ajuda. Aquele que quer investir em ativos, num mercado interno dos maiores do mundo virá, já que aqui existe uma economia em situação de quase pleno emprego e onde a massa trabalhadora tem conseguido aumentos salariais acima da inflação, não tem o que temer. Além do mais, basta consultar o nosso balanço de pagamentos, para ver o extraordinário volume de recursos que as multinacionais mandam para suas matrizes, na forma de dividendos e remessa de lucros, que representam um importante fator de desequilíbrio nas nossas contas externas, assim como também são os gastos dos brasileiros no exterior. Um dos motivos que levaram a deposição do presidente Jango, foi justamente que ele preparou um decreto tentando controlar essa evasão de divisas representada por essas remessas de lucros e dividendos. Queria obrigar, através desse decreto, que as empresas multinacionais investissem uma parte desses recursos aqui no Brasil. O Brizola chamava essa evasão de recursos de "perdas internacionais" e as multinacionais o ridicularizavam por isso.

A Dilma tem que ter a coragem que teve o Juscelino, que enfrentou o "mercado", rompendo com o poderoso Fundo Monetário Internacional, o famoso FMI, fato este que precisa ser lembrado. E nem por isso o Brasil quebrou apesar das previsões dos urubólogos da época.
Brizola gostava também de dizer que se alguma coisa agradava a Globo, ele nem precisava saber o que era, tinha que ser contra. Podemos dizer, parodiando o Brizola, se alguma coisa agrada o mercado, sejamos contra, pois quem "vai pagar o pato é a classe trabalhadora, os 99% que não especulam na bolsa, nem vivem de renda e de aplicações no mercado financeiro e que dependem, não da economia virtual e sim da real para tocar suas vidas.

O ‘saco de gatos’ do ministério de Dilma


Kátia teme o bolivarianismo
Kátia teme o bolivarianismo
Numa de suas melhores intervenções na campanha presidencial, Lula disse que os tucanos só se lembram dos pobres em época de eleição.
Visto o ministério que vai sendo montado por Dilma, talvez só possa dizer que hoje o PT só se lembra da militância em época de eleição.
Causou um estridente desagrado à maioria dos petistas a notícia – ainda por confirmar – de que o Ministério da Agricultura será entregue à senadora Kátia Abreu, uma das lideranças mais conspícuas entre os ruralistas.
Montar um gabinete com o quadro político atual, em que se governa com coalizão, é realmente complicado. Você acaba fazendo um “saco de gatos”, como o velho Frias se referia às diferentes ideologias dos colunistas do jornal no passado.
Mas Kátia Abreu?
Viralizou nas redes sociais, ressuscitado pelo DCM, um artigo que ela publicou na Folha em agosto passado.
Nele, Kátia acusava o governo de atrelar o Brasil ao “abismo bolivariano”.
Quando alguém usa a palavra “bolivarianismo” é porque enxerga o espectro de Simon Bolivar debaixo da cama.
“Bolivarianismo” é a versão moderna de “comunismo” na ditadura militar.
É uma expressão que você encontra frequentemente em Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Jabor, Gilmar Mendes – a essência, em suma, da direita radical brasileira.
Você pode, com boa vontade, alegar que o Ministério da Agricultura não vai ditar os rumos ideológicos do governo.
Mas há um alto custo simbólico em chamar para o ministério alguém tão claramente identificado como Kátia Abreu com tudo aquilo que, na reta final da campanha, Dilma disse ser contra.
No Ministério da Fazenda, as coisas não foram tão diferentes assim.
Com toda razão, Delfim Netto disse que algo está “muito errado” quando você “tem” que colocar na Fazenda alguém do mercado financeiro.
A notícia – também ainda não confirmada — de que o economista Alexandre Levy, do Bradesco, foi o escolhido foi comemorada pelo “mercado”. A Bolsa teve uma subida expressiva na sexta.
Levy, um economista ortodoxo, estudou em Chicago, berço do pensamento ultraconservador de Milton Friedman.
Para quem acha que o que é bom para o “mercado” é bom para a sociedade, Levy é o nome certo.
Mas quando a Bolsa subia a cada má notícia para Dilma na campanha não era este o entendimento do governo.
Era ingenuidade pensar que muita coisa mudaria com a permanência do mesmo sistema político, mas o choque de realidade foi demais para muitos petistas.
Está claro que uma reforma política genuína só será feita com movimentos sociais saindo às ruas, como em junho de 2013. A diferença é que não se lutará por vinte centavos. E é previsível que militantes petistas, ao contrário do que ocorreu em junho de 2013, adiram às manifestações.
A melhor tirada veio de Gilberto Maringoni, candidato do PSOL ao governo de São Paulo.
“Em nome da coesão nacional”, escreveu ele no Facebook, “Dilma monta o ministério de Aécio.”

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