sexta-feira, 5 de setembro de 2014

POLÍTICA - As "viúvas da ditadura" estão apoiando a Marina.

Enquanto campanha se acelera, Marina se afunda em mar de contradições   

 



Quanto mais a campanha eleitoral se acelera, quanto mais se apura, descobre-se e se lê sobre a candidata do PSB ao Planalto, ex-senadora Marina Silva, mais se constata o mar de contradições que ela é, o quanto ela mudou e se envolveu de corpo e alma num emaranhado de interesses que sempre disse renegar.

São contradições entre a “nova política” que ela quer posar e dizer representar, e a “velha política” que ela diz abominar. Na verdade, a Marina de hoje, a de agora, já está completamente envolvida e comprometida com a “velha política”. É só verificar, se dar ao trabalho de acompanhar os compromissos que ela vem assumindo no dia a dia e com quem. Nada mais bate com o moralismo udenista de Marina e com seus princípios – pelo menos com os que ela dizia ter.

Ora a exigência vem de um lado, ora de outro. E ela cede a tudo e a todos, não importa quem seja e o que seja. Agora é o agronegócio que exige que a candidata mude o programa, retire por completo dele apromessa de revisão dos indicadores de produtividade agrícola porque isso favoreceria a reforma agrária.

Antes já concordou em inibir a atuação dos bancos públicos, o que tem levado a presidenta Dilma Rousseff  a advertir: ao mexer nessa área, os adversários querem acabar com os subsídios do governo federal e diminuir a participação dos bancos públicos, dentre outras áreas,  no financiamento habitacional, o que inviabilizaria a manutenção, por exemplo,  do programa Minha Casa, Minha Vida.

Marina agora tem o apoio do golpista Clube Militar

Como se não faltasse mais nada, agora a candidatura Marina traz de volta à cena e à atuação política o velho Clube Militar, que congrega oficiais dos três ramos das Forças Armadas e de tristes histórias de conspirações golpistas dos anos 40 aos anos 60. Os jornais O Globo e Extra, do Rio, noticiam o manifesto elaborado pela instituição em apoio à candidatura Marina Silva.

No documento denominado “Pensamento do Clube Militar — Um fio de esperança”, divulgado esta semana, a candidata do PSB é vista como a “esperança de algo novo e diferente, que rompa com a tradição negativa representada pelos atuais homens públicos”. Além de noticiarem o manifesto, os jornais trazem entrevista com o autor do documento, o general Clóvis Purper Bandeira (da reserva), na qual ele reforça, enfaticamente, que Marina é a grande aposta dos militares para derrotar o PT.

E revelam as três exigências dos militares à candidata: melhoria dos salários nos quartéis; a revisão do papel do ministro da Defesa, permitindo que o cargo seja ocupado por um oficial;  e a preservação da Lei da Anistia recíproca, que impede que os agentes da ditadura militar (1964-1985) sejam punidos por seus crimes.

Candidata vai aceitar as três condições? Pelo visto, vai

Agora a pergunta é: Marina vai aceitar as três condições? Pelo visto sim. Ela já aceitou mudar de posição com relação a Lei de Anistia, como Eduardo Campos, seu antecessor como candidato no partido aceitara. Marina candidata já repetiu que não mexe na Lei. Concordará em dar aos militares aumento diferenciado do concedidos aos servidores públicos civis? E nomear um militar e não um civil para o Ministério da Defesa?

Pena porque o Ministério da Defesa ocupado por um civil com comando sobre as FFAA foi uma batalha de dois séculos, a se completarem ano que vem. Desde que foi criado no Império, em 1815 como Ministério da Guerra, a Pasta teve um único civil a ocupá-la: Pandiá Calógeras, nomeado pelo presidente Epitácio Pessoa (1919-1922).

Ministério da Defesa ocupado por civil é luta de dois séculos

O manifesto, porém, critica a “figura messiânica” de Marina, e suas “declarações vagas, promessas iniciais generosas, mas fora do alcance do cofre nacional”. Diz, ainda, que acena para “uma nova política misteriosa”, mistura de “propostas esquerdistas e ambientalistas”, entre as quais maior participação direta por meio de plebiscitos e consultas populares, com “cheiro de bolivarianismo”, um governo formado por pessoas e não com partidos e a adoção de orçamento participativo.

Diz mais: “Cálculos preliminares orçam suas promessas — entre as quais 10% do orçamento para a saúde, outros 10% para a educação, aumento da bolsa esmola, do efetivo da Polícia Federal — em quase 100 bilhões de reais por ano, cuja origem não é esclarecida”. Em outro trecho o documento aconselha: Marina terá que descer das nuvens “sonháticas” e “lutar na arena do dia a dia da Praça dos Três Poderes, enfrentando as feras insaciáveis, sem nenhum compromisso com a realidade política.”

Em outro trecho, afirma ainda: “As mudanças podem ser para melhor e para o pior, desde que interrompam a malfadada corruptocracia instalada no poder pelo lulopetismo. Como está, não pode continuar.”

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