POR RODRIGO RODRIGUES
 
Vitrine da oposição por conta da CPI que investiga a compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a Petrobras não é a única empresa chamada de capital misto (com ações do Estado e da iniciativa privada) que perdeu valor de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo nos últimos anos. 
 
Companhias como Cemig, Sabesp, CESP e Copasa, administradas por indicados da oposição em São Paulo e Minas Gerais, também perderam grande valor no mercado de capitais desde 2012, segundo levantamento feito junto à BM&F Bovespa por Terra Magazine.
 
Na Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais S.A), cujo acionista majoritário é o Governo de Minas Gerais, administrado pelo PSDB, as ações ordinárias da empresa tiveram alta desvalorização de 64,6% em 24 meses. 
 
No período, os valores por ação da Cemig (CMIG4) caíram de R$45,75 em 17 de abril de 2012 para R$16,20 no pregão finalizado em 17 de abril deste ano, último dia de negociações antes do feriado prolongado. 
 
O governo mineiro detêm 50,98% das ações da Cemig, enquanto os acionistas privados têm 49,02% dos papéis ordinários da companhia.  
 
De abril de 2013 para cá, as ações da empresa de energia de Minas caíram 31,64%, segundo os dados históricos de transações da BM&F Bovespa. 
 
Perdas individuais
A exemplo da Petrobras, essa desvalorização acentuada impõe grande perda para aos acionistas privados. 
 
Num exemplo prático, o investidor que aplicou R$1.000,00 nas ações da Cemig em Abril de 2012, hoje consegue fazer o resgate por apenas R$ 354,40. 
 
Na Sabesp, maior companhia de saneamento básico do Brasil em papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo, a situação não é diferente, embora menos dramática. 
 
Os papéis da companhia na Bovespa tiveram um deságio de 33,19% em doze meses, período que vai além da atual crise de abastecimento de água. 
 
Em 25 de abril de 2013, as ações da Sabesp (SBSP3) na BM&F eram negociadas a R$29,34, logo após o split de 3 por 1, que tornou cada ação unitária da empresa em três. Passado um ano, as mesmas ações valem R$ 20,90, segundo dados fechados do pregão de 17 de abril de 2014.
 
Comparação com índice oficial
No mesmo período de dois anos, o índice que mede as 50 ações mais negociadas na BM&F/Bovespa (IBrX-50) recuou 1,87%, enquanto o índice geral da bolsa (Ibovespa), acumulou prejuízos de 17,29%. 
 
Seguindo o mesmo exemplo do milhar utilizado acima, o acionista que empregou R$1.000,00 em 2012 na Sabesp, hoje resgata o investimento por R$668,10. 
 
O mesmo aconteceu com os papéis ordinários da CESP (Companhia Energética de São Paulo), cujo acionista majoritário também é o governo paulista. 
 
Entre 17 de abril de 2012 e agora, as ações da empresa (CESP3) recuaram 36,01%, passando de R$31,71 para R$20,29 em 24 meses. 
 
Com as ações preferenciais (CESP6) a queda no valor dos papéis em dois anos foi um pouco menor: -25,74%, registrando ganho de 26,8% entre abril de 2013 e abril de 2014. 
 
Na Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) o valor por ação há dois anos era de R$40,95 por papel (CSMG3). Um ano depois, em 17 de abril de 2013, as ações subiram para R$46,84, mas caíram novamente e hoje valem apenas R$35,50 por ação. Queda de 24,21%. 
 
Estatal Federal
Para efeitos comparativos, a vedete do momento, a Petrobras, também teve acentuadas perdas na Bovespa no período pesquisado entre 2012 e 2014.
 
As ações ordinárias da petrolífera (PETR3) brasileira despencaram 30,1% desde 2012, saindo do valor de R$22,36 para R$15,36 em 24 meses. 
 
No caso das ações preferenciais (PETR4), os investidores da Petrobras acumularam prejuízos de 23,16% em dois anos.
 
De 2012 para cá, o valor unitário desses papéis preferenciais passaram de R$21,58 para R$16,58.