segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ANOS DE CHUMBO - DOI-CODIs e SNI roubavam carros.

Janio de Freitas: DOI-CODIs e SNI roubavam carros para usar na repressão



Em sua coluna na Folha de S.Paulo, ontem, o jornalista Janio de Freitas afirma que o Puma em que explodiu, antes da hora, a bomba levada pelo capitão Wilson Machado (hoje coronel reformado) e pelo sargento Guilherme Rosário, ferindo o oficial e matando o praça, tinha placa OT-0297, mas não era do Rio. É sempre citado como de propriedade do coronel Wilson Machado, mas também não era dele.
O registro verdadeiro do Puma era da cidade de São Paulo, com outros números e letras e era propriedade da dona de uma butique. Fora  roubado em São Paulo, recebeu no Rio placas e documentação fria para ser usado na operação terrorista. Uma pesquisa nos Detrans do Rio e de São Paulo, aconselha Janio,  “permitiria agora, por meio dos números de identificação colhidos pela perícia depois da explosão, chegar à confirmação do roubo e à dona do Puma, com sua história. Wilson Machado não era só capitão e terrorista.”
O colunista conta, ainda, que pelo menos outros quatro carros usados no plano terrorista de explodir o Riocentro que seria posto às escuras por outra bomba eram carros roubados. “Todos eram carros roubados. Roubar e apropriar-se de carros alheios foi comum entre militares e agentes do DOI-Codi, do SNI e de outros núcleos da repressão”, lembra Janio.
O atentado, na noite de 30 de abril de 1981, foi arquitetado contra um show comemorativo do 1º de Maio, Dia do Trabalho, que reunia 20 mil jovens naquela noite, no Riocentro.

JANGO

Exceto quanto ao envenenamento, ou não, já que os dados para essa parte da investigação encontram-se em poder da justiça brasileira que os recolheu em recente processo de exumação, a investigação aberta pelo Ministério Público da Argentina tem mais possibilidades de chegar a uma conclusão sobre a morte do ex-presidente brasileiro, João Goulart, o Jango,  do que a apuração no Brasil.
A previsão é também do jornalista em sua coluna de ontem, “Os terroristas”, na Folha de S.Paulo. Ele considera que além de Jango ter sido vigiado sempre pelos “serviços” de lá, “a decência e a coragem dos argentinos para desvendar seus segredos é infinitamente maior que a dos militares e agentes brasileiros.”
“Graças a essa qualidade argentina, descobre-se, por exemplo, como efeito colateral de um velho pedido de vigilância sobre brasileiros em Buenos Aires, que um quartel do Exército no interior do Paraná teve papel relevante na perseguição a exilados brasileiros, inclusive a Jango”, diz Janio, para quem também  “está com os argentinos a oportunidade de descobrir, afinal, o que é verdadeiro nos fartos relatos de Mario Neira Barreiro, ex-agente que se diz participante de uma operação de envenenamento de Jango.

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