quinta-feira, 21 de novembro de 2013

POLÍTICA - Propinoduto tucano: Aparecem os tucanos de alta plumagem.

trem Aparecem primeiros nomes de tucanões do trensalão
"Tenho em meu poder uma série de documentos (originais) que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo durante os governos Covas, Alckmin e Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do "Caixa 2" do PSDB e do DEM" (trecho do relatório entregue no dia 17 de abril ao conselho Administrativo de Defesa do Consumidor (Cade) pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, que foi encaminhado à Polícia Federal).
Sete meses depois, a revelação foi feita nesta quinta-feira pelo Estadão, o jornal que melhor vem acompanhando este caso sobre as denúncias de corrupção envolvendo membros dos três últimos governos tucanos no chamado trensalão paulista, um esquema de cartéis e propinas, que causou enormes prejuízos ao Estado.
Pela primeira vez, aparecem na denúncia feita ao Cade os nomes de integrantes do alto tucanato. São eles: Edson Aparecido, secretário da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin; senador Aloysio Nunes Ferreira, político historicamente ligado a José Serra, além de três secretários do atual governo do PSDB, José Aníbal (Energia), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos e Rodrigo Garcia (desenvolvimento Econômico), antigo aliado de Gilberto Kassab, atualmente rompido com o ex-prefeito. Também foi citado o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), velho aliado dos tucanos paulistas.
Até agora, só tinham aparecido nas investigações figuras menores do esquema, como alguns ex-diretores do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), lobistas e consultores. Por enquanto, só foram indiciados criminalmente pela Polícia Federal João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM, e Arthur Teixeira, controlador da Procint Projetos e Consultoria Internacional.
Também é a primeira vez que se fala abertamente em formação de "Caixa Dois" dos governos PSDB-DEM, já que antes só se fazia menções à formação de um cartel pelas multinacionais Alstom e Siemens, entre outras. Manchete do Estadão na página A4: "Ex-diretor da Siemens aponta caixa 2 de PSDB e DEM e cita propina a deputados".
Os citados na reportagem de Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo negaram as acusações de recebimento de propinas ou não foram encontrados pelo jornal. O PSDB de São Paulo, em nota oficial, repudiou as acusações feitas pelo ex-diretor da Siemens.
Rheinheimer, que foi diretor da Divisão de Transportes da Siemens por 22 anos, tendo deixado a empresa em março de 2007, é o autor da carta anônima que deflagrou a investigação do cartel de trens, em 2008, e fez um acordo de delação premiada em troca de uma eventual redução de pena. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor Everton Rheinhaimer se disse disposto a contar tudo o que sabe, mas pediu em troca um cargo na mineradora Vale, que negou ter alguém com este nome no seu quadro de funcionários.
De uns dias para cá, parece estar se rompendo a cortina de proteção em torno das denúncias contra políticos e governos tucanos. Também nesta quinta-feira, a Folha, principal concorrente do Estadão, publicou um editorial sob o título "O outro mensalão", em que afirma: "STF não pode mais atrasar julgamento da ação sobre esquema de corrupção do PSDB em Minas, praticado na campanha eleitoral de 1998." E conclui: "Após o desfecho do processo do mensalão petista, a Suprema Corte brasileira não pode dar espaço à interpretação de que funciona em regimes distintos de acordo com a coloração partidária dos acusados".
Foi mais ou menos o que escrevi aqui na semana passada, num texto em tom de ironia, sob o título "Imprensa vai fazer força-tarefa para investigar tucanos".

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