Sugerido por hugo

Marquei em negrito a data que ela trabalhou no Brasil pela primeira vez, na época do FHC. Na época não houve gritaria nem chiadeira dos Conselhos ou dos colunistas da Folha.

Da Folha


BRUNO BASTOS

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RECIFE


Desembarcar no Brasil para trabalhar como médica não foi novidade para a cubana Wilma Zamora Rodríguez, 45, que chegou neste domingo (25) ao Recife. Entre 2001 e 2003, ela já havia trabalhado como médica no Tocantins.
O trabalho ocorreu por meio de um convênio com o governo cubano, assim como será com o programa Mais Médicos, que vem causando polêmica.
No aeroporto, a médica disse que a experiência no passado foi "muito boa" e que estava feliz por poder voltar e ajudar o país. Ela afirmou que não teve nenhuma dificuldade com o português quando trabalhou no país.
"Os médicos terão um bom relacionamento com os pacientes brasileiros", disse, acrescentando que não teme a reação negativa em torno do programa. Para ela, os brasileiros vão ficar "muito agradecidos" aos profissionais trazidos Mais Médicos.
Wilma e outros 65 profissionais desembarcaram na tarde de hoje no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, em um voo fretado vindo de Havana.
SHOPPING
Esta foi a segunda leva de médicos que chegou à capital pernambucana. Ontem, já haviam desembarcado 30 médicos. A Folha apurou que três deles passaram o dia fazendo compras em um shopping do Recife.
Os médicos que chegaram hoje afirmaram que terão liberdade para viver no país e que o governo cubano não impôs nenhuma restrição.
"Nossa única recomendação foi vir e trabalhar pela população mais carente do Brasil", disse Wilma.
Sobre a possibilidade de médicos cubanos deixarem a missão para viver no Brasil, a profissional disse achar que essa prática não geraria retaliações aos médicos ou familiares em Cuba.
"Se decidirem ficar [no país em que estiverem atuando em vez de voltar a Cuba] após o fim da missão, vão continuar trabalhando pela saúde. Então não tem problema. Eu pretendo voltar por causa da minha família", acrescentou.
Ainda não há informação sobre a cidade em que cada um dos profissionais vai atuar. Segundo Carlos Sena, representante do Ministério da Saúde que recebeu os médicos no aeroporto, a definição será feita durante os 21 dias de curso de acordo com a demanda dos municípios e o perfil do médico.
MAIS MÉDICOS
A importação de 4.000 médicos cubanos é questionada pelo Ministério Público do Trabalho por questões trabalhistas e também por conselhos regionais de medicina.
Os profissionais de Cuba terão condições diferentes das dos demais estrangeiros no programa. Os R$ 10 mil mensais da bolsa não serão repassados diretamente aos médicos, mas ao governo cubano, que fará a distribuição. O acordo foi feito por meio de um convênio com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
A gestão Dilma Rousseff diz que, em outras parcerias, Cuba costuma repassar de 25% a 40% do total --que, no Brasil, seria de R$ 2.500 a R$ 4.000.
Os médicos cubanos irão trabalhar nos 701 municípios para os quais não houve inscrições de médicos brasileiros no programa.