terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ECONOMIA - Em torno ao Fórum Econômico Mundial de Davos.


Em torno ao Fórum Econômico Mundial de Davos. As transnacionais Shell e Goldman Sachs: prêmio à vergonha 2013.



Sergio Ferrari

Colaborador de Adital na Suiça. Colaboração E-CHANGER
Adital

Por Sergio Ferrari*, desde a Suíça


A sociedade bancária estadunidense Goldman Sachs e a multinacional anglo-holandesa Shell receberam hoje, 24 de janeiro, o "Prêmio à Vergonha”, concedido pelas organizações suíças "Declaração de Berna” e "Greenpeace”, paralelamente ao Fórum Econômico Mundial de Davos.
Ao entregar o prêmio "Public Eye Awards” às piores empresas do ano, as duas ONGs suíças denunciaram na cidade de Davos, "as agressões contra os direitos humanos e os crimes ambientais particularmente graves cometidos pelas empresas irresponsáveis”.
Matar o povo grego de fome
A Goldman Sachs "é um ator central da mundialização, guiada pelas finanças, que alimenta os benefícios..., acrescentando as desigualdades fenomenais e a pobreza crescente de amplos setores da população”.
A argumentação enfatiza que "os produtos derivados da Goldman Sachs que permitiram à Grécia integrar-se à Zona do Euro de forma fraudulenta hipotecaram o futuro do povo grego”.
Nesta edição 2013, o jurado do "Olho Público sobre Davos” esteve integrado por Cécile Bühlman, ex-deputada nacional e presidenta do Conselho de Fundação do Greenpeace/Suíça; pelo professor Kumi Naidoo, ex-secretário geral de "Chamado Global à Ação contra a Pobreza” (Global Call to Action Against Poverty); Andreas Missbach, responsável pelo setor bancos e praça financeira da Declaração de Berna, bem como os professores especializados em ética econômica de prestigiadas universidades europeias: Andreas Cassee, Hans Ruh, Ulrich Thielemann, Klaus Peter Rippe e Guido Palazzo.
A Shell destroi o Ártico
Por outro lado, o premio do público, resultado do voto de 41.800 pessoas do mundo inteiro pela Internet, nesta edição 2013 foi atribuído à transnacional petroleira Shell, acusada de estar na "primeira linha na busca altamente arriscada de materiais fósseis na zona particularmente sensível do Ártico”.
Os promotores do prêmio ressaltam que a descoberta desses novos hidrocarbonetos "foi possível devido à mudança climática e, mais precisamente, à diminuição da camada glacial ártica, que a Shell contribui com sua exploração. Cada projeto petroleiro dessa natureza é sinônimo de emissão massiva de CO2
Segundo estimativas de especialistas, caso continuem nesse ritmo, as reservas petroleiras do Ártico se esgotariam em somente 3 anos; agredindo "um dos últimos paraísos naturais da terra e ameaçando de forma direta a 4 milhões de pessoas e uma fauna única”, insistem.
As duas multinacionais premiadas estavam incluídas em um grupo de seis candidatas. A lista era completada pelo grupo energético suíço Repower; pela empresa francesa de transporte e energia Alstom; pela multinacional de segurança privada G4S e pela sul-africana Lonmin, a número 3 na indústria da mineração e do setor de platina, em particular, envolvida no massacre de 44 trabalhadores da mina Marikana.
Mensagens de protesto ao Governo suíço
Nesta edição 2013, o premio do "Olho Público sobre Davos” adquire uma particular importância, já que se inscreve no marco de uma iniciativa mais ampla impulsionada por meia centena de organizações suíças de desenvolvimento, de ecologia e de solidariedade.
A Campanha "Direito sem Fronteiras” exige que as autoridades nacionais definam normas legais que obriguem as empresas suíças a aplicar no exterior –especialmente no Sul e no Leste- as mesmas normas éticas e ambientais que devem ser respeitadas na Confederação Suíça.
Horas antes da entrega do prêmio à vergonha, vários militantes da Campanha "Direito sem Fronteiras” mobilizaram-se para Davos, utilizando métodos inovadores de denúncia. Entre eles, um enorme cartaz com a figura do Ministro da Economia nacional, Johann Schneider Ammann.
Os promotores da Campanha realizaram a ação que se estenderá durante uma semana, através de uma mensagem eletrônica padrão, dirigida às autoridades nacionais, solicitando que deem uma resposta à petição cidadã apresentada em junho passado, assinada por 135 mil pessoas, e que exigia regras obrigatórias para que as multinacionais suíças respeitem os direitos humanos e ambientais no Sul. Em somente 24 horas, o governo suíço recebeu 7.273 mil mensagens eletrônicas de protesto.
[*Sergio Ferrari, em colaboração com E-CHANGER, ONG suíça de cooperação solidária, promotora da Campanha "Direito sem Fronteiras”. www.droitsansfrontieres.ch].

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