sexta-feira, 23 de novembro de 2012

NÃO A ESCOLA DE DITADORES.



Protestos contra a Escola das Américas
 
SOA Watch Latina

SOA Watch Escritório na América Latina
Adital

Por Pablo Ruiz


Milhares de cidadãos/ãs estadunidenses protestaram contra a "Escola de Assassinos”.
Com um detido, que corre o risco de pegar até seis meses de prisão, concluíram-se, no domingo passado (18/11/12) as atividades contra a Escola das Américas, em Columbus, Georgia (EUA), onde atualmente opera a academia militar dependente do Comando Sul.
Nashua Chantal, de 60 anos de idade, foi preso pela policía militar depois que cruzou a cerca com arames farpados que separam o forte militar da via pública.
O ativista levava um letreiro que dizia "não mais estudos para a guerra”. Ele será processado por uma Corte Federal e deve enfrentar até seis meses de prisão –como já aconteceu com outras centenas de ex-prisioneiros de consciência que ousaram entrar à base militar- por seu valente ato de desobediência civil.
Juntamente com Nashua, foram milhares os ativistas estadunidenses e latino-americanos que se reuniram nesse fim de semana para protestar nas portas da Escola das Américas, agora denominada Instituto de Cooperação e Segurança do Hemisfério Ocidental (Whinsec, em inglês), para dizer "não mais Escola de Assassinos”.
As atividades contaram com músicos do porte de Emma e revolução Rebel Díaz e com oradores internacionais, tais como Francia Márquez, da Colômbia; Yolanda Oquelí, da Guatemala; Ismael Moreno, de Honduras; Martín Almada, do Paraguai e Luis Roberto Zamora Bolaños, da Costa Rica, entre outros.
Francia Márquez, líder afro-colombiana, do conselho comunitário do corregimento de La Toma (Cauca), falou sobre como sua comunidade está lutando e resistindo contra as forças políticas, econômicas e armadas que buscam controlar e explorar uma jazida de ouro na Colômbia.
Yolanda Oquelí, líder comunitária da Guatemala, denunciou que "A empresa mineradora de San José del Golfo e de San Pedro Ayampuc estão contratando a ex-coroneis militares que estão aí somente para reprimir, para dividir famílias e criar conflitos sociais, além de querer calar nossa voz quando estamos dispostos a defender nossa mãe terra”.
Oquelí pediu o fechamento da Escola das Américas que "só instruí para matar as pessoas que lutam e defendem seus direitos humanos”.
Ismael Moreno –conhecido em Honduras como o Padre melo- disse que "a presença da política militar e econômica das diversas administrações dos EUA em Honduras e na América Central só tem deixado mortos e destroços”.
"A imensa maioria dos oficiais militares hondurenhos têm sido treinados na Escola das Américas e a intervenção imperialista ainda continua sendo a pior ameaça para a vida de nossos povos. Por isso, hoje caminhamos com vocês carregando na memória de mártires e vítimas e, juntos, com essa memória, proclamamos, declaramos, não queremos nem aceitamos nenhuma ajuda do império. Repudiamos o poder imperialista, se queremos, se proclamamos a solidariedade do povo norte-americano”, ressaltou o sacerdote jesuíta.
Por seu lado, o advogado Martín Almada, Prêmio Nobel Alternativo da Paz, relatou que foi torturado durante 30 dias na ditadura de Alfredo Stroessner. "Assassinaram minha esposa e me expulsaram do país por 15 anos. Depois, voltei ao Paraguai e no dia 22 de dezembro de 1992, encontramos três toneladas de documentos escritos por esses cães raivosos”, documentos que informavam sobre a Operação Condor.
Almada disse que "O presidente do Paraguai -Fernando Lugo- eleito democraticamente, foi sofreu um golpe de Estado express, ‘justificado’ por um conflito sobre terras com um dos latifundiários mais ricos do país”, agregando que "o movimento camponês está sendo criminalizado” até hoje.
Almada agradeceu a oportunidade de estar presente nos protestos, ressaltando que "é muito importante saber que no coração do povo americano estão contra a escola de assassinos” e propôs que a Escola das Américas seja substituída por uma Universidade de Direitos Humanos e Ecologia.
Nas atividades, também esteve presente o advogado da Costa Rica, Luis Roberto Zamora Bolaños, que denunciou que a polícia de seu país continua participando no treinamento da Escola das Américas apesar de que a Constituição costarriquenha, em seu ordenamento jurídico, tem consagrado o direito à paz.
Recordemos que a Escola das Américas, que era operada pelo Exército dos Estados Unidos, foi fundada em 1946, no Panamá, com o objetivo de treinar soldados latino-americanos em técnicas de guerra e contrainsurgência.
Por suas salas de aula já passaram mais de 65.000 alunos, muitos dos quais tornaram-se destacados violadores dos direitos humanos em seus próprios países (Chile, Guatemala, Argentina, Peru, Uruguai, Nicarágua, El Salvador, México, Honduras, entre outros).
Mais de uma dezena de países continuam enviando suas tropas à questionada academia militar. Segundo dados da própria WHINSEC, em 2011 foram treinados 21 soldados do Brasil, 142 do Chile, 512 da Colombia, 121 do Peru, 96 de Honduras, 54 do Panamá, 58 de El Salvador, 10 da Guatemala, 16 do México, 36 da Costa Rica, 37 da República Dominicana e 15 do Paraguai, entre outros.

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