sábado, 28 de julho de 2012

ELEIÇÕES - Cenário é desanimador em São Paulo.

A apenas 70 dias da eleição, cenário é desanimador. Apareceram esta semana as primeiras bandeiras de candidatos nos cruzamentos, alguns carros já circulam com adesivos, mas não encontro ninguém animado a discutir os rumos da campanha eleitoral em São Paulo. A apenas 70 dias da abertura das urnas, o eleitorado ignora solenemente os candidatos, e não é para menos. Quais são, afinal, os temas em debate que possam animar a disputa na maior cidade do país? A campanha deste ano é tão pobre de ideias que, no mesmo final de semana, três dos principais candidatos (Chalita, Haddad e Serra) tiveram a mesma: sairam pelas ruas para passear de bicicleta, devididamente fantasiados de ciclistas, com capacete e tudo. E daí? Vale tudo por uma fotinha no jornal: vestir quimono, desequilibrar-se num skate, visitar igrejas e feiras, andar de ônibus e trem, carregar criancinhas no colo _ tudo o que os candidatos não costumam fazer em outras épocas. Parece que todos sofrem da síndrome de Cesar Maia, aquele folclórico ex-prefeito do Rio de Janeiro, agora candidato a vereador, que entrava até em açougue para comprar sorvete e fazia qualquer coisa para aparecer. Já acompanhei dezenas de campanhas na vida, antes e depois do período militar, quando não havia eleições diretas para as prefeituras das capitais, e nunca vi um cenário tão desanimador, cada vez mais gente dizendo que não vai votar em ninguèm. Ou que tanto faz, ganhe quem ganhar, não vai mudar nada mesmo. Como sou um sem-carro, ando muito a pé e de táxi pela cidade, o que me faz puxar conversa com todo tipo de gente. Desta vez, nem a velha rixa entre tucanos e petistas é capaz de despertar o interesse dos eleitores, uns e outros sem vontade de defender seus candidatos, que não empolgam ninguém. De um lado, Serra já foi candidato tantas vezes que não chega a ser uma novidade. Com o seu tradicional uniforme de campanha, camisa azul clara de mangas arregaçadas e calça beje, já não inspira confiança nem nos tucanos, com seu hábito de não concluir os mandatos. De outro, o petista Fernando Haddad, lançado como "o novo homem para um novo tempo", ainda é desconhecido por metade da população. E a outra metade, incluindo os petistas, não descobriu ainda a que veio, quais são as suas bandeiras, o que pretende fazer se for eleito. Foi neste vazio de propostas e falta de carisma dos candidatos dos dois maiores partidos da cidade que correu por fora e cresceu o nome de Celso Russomanno, do PRB, com sua campanha de uma nota só, prometendo levar a defesa do consumidor para dentro do serviço público. Desde o começo de julho, os partidos estão autorizados pela Justiça Eleitoral a fazer propaganda, levar as suas campanhas para as ruas, mas não parecem muito interessados nisso. Todos só estão esperando o dia 21 de agosto quando começa oficialmente o horário gratuito no rádio e na televisão, o período de 45 dias de propaganda em que cada um fala o que quer. Serra e Haddad levam vantagem neste quesito, com quase oito minutos diários para cada um, enquanto a coligação PRB-PTB de Russomano tem apenas dois minutos e alguns segundos. É preciso tomar cuidado: dependendo do que você tem ou não tem para falar, o tempo pode ajudar ou atrapalhar. Será que até lá os marqueteiros que comandam as campanhas conseguirão criar alguma proposta realmente nova e viável _ qualquer uma _ para melhorar a vida na cidade, que não seja só mais um factóide para um poder falar mal do outro? Blog do Ricardo Kotscho.

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