sábado, 16 de junho de 2012

EGITO - O problema é a questão militar.


Desde o início nós destacamos aqui no blog a questão militar como central no Egito. Até porque ela esconde a influência e o controle norte-americano sobre o país durante essas últimas décadas, praticamente desde o assassinato do presidente Anuar al Sadat em 1981.E porque os militares egípcios, de várias formas diretas e indiretas, controlam 33% da economia do país.

Só há uma explicação para a segurança e a agressividade da ação militar com a qual a Junta governativa composta por generais assumiu o Poder Legislativo: o apoio dos Estados Unidos. Via Supremo Tribunal, eles dissolveram o Parlamento esta semana, dois dias antes do 2º turno da eleição presidencial.

Até porque esta Suprema Corte egípcia não passa de uma extensão do poder da ditadura Hosni Mubarak. Inclusive porque o regime, no fundo, é também uma expressão da aliança dos militares com uma burocracia corrupta e com elites que ascenderam ao poder econômico e ao status social à sombra do regime de Mubarak.

O que não assumem e tentam encobrir é que, na prática, essa dissolução do Parlamento ocorreu porque a maior parte dos parlamentares eleita no início deste ano é filiada à Irmandade Muçulmana - a força de oposição à ditadura - ou ainda que integrantes de outros partidos têm ligações com a Irmandade.

E assim, 1,5 ano após a Praça Tharir (praça central do Cairo, símbolo das manifestações de protesto no país) derrubar a cabeça do regime, o ditador Hosni Mubarak - sem conseguir derrubar o sistema - o Egito continua sem paz, longe da democracia e da liberdade, sem perspectivas no horizonte de que elas venham a curto prazo.

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