Debate entre Dilma e Obama projeta o Brasil e causa ciúmes

Do R7
Debate entre Dilma e Obama projeta o Brasil e causa ciúmes 15/04/12 Sem Comentários
De Cartagena, Colômbia
A cena em si foi a comprovação de que algo de novo está acontecendo no cenário mundial. No palco pomposo da Cúpula Empresarial de Cartagena, com bandeiras gigantes de seus países ao fundo, Dilma e Obama pareciam destacados do grupo de 33 chefes de estado e de governo presentes na VI Cúpula das Américas.
Na platéia, a presidente argentina, com o sempre sombrio traje preto, acompanhou com ar de fastio. Os mexicanos citados por Obama de passagem apenas uma vez, viram o Brasil assumir um discurso que jamais ousaram fazer e que pode nao ter tido consenso entre os empresários, mas fez vibrar parte da mídia que acompanhou o evento.
Dilma disse com todos os efes e erres o que pensa do protecionismo disfarçado de política monetária dos americanos, reforçou a necessidade de negociações de igual para igual, sem o ranço arrogante dos ricos.
Obama vestiu a carapuça. Bateu de volta com sutileza, lembrando que é bom para todos que os Estados Unidos vençam a crise, porque lá está o principal mercado dos irmãos latinos. E ainda tentou pespegar em Dilma e nos colegas bolivarianos a imagem de retrógrados, ao mencionar que esquerda e direita não resolveram todos os problemas e que nao dá para culpar os velhos "yankees" por tudo de errado que acontece no mundo.
Obama, mais do que nunca, falou para seu eleitorado em casa, e nao esboçou movimento ao ser cobrado explicitamente pelo anfitrião, Juan Manuel Santos, quanto ao fim do bloqueio a Cuba. O americano estava visivelmente desconfortável na situação de completo isolamento entre seus pares. "O discriminado que discrimina", atirou Evo Morales, da Bolívia, em declaração à imprensa.
A desenvoltura de Dilma surpreendeu. Para alguém que há um ano sequer discursava de improviso, foi um salto vertiginoso. Disse o que pensa sem provocar crise. Concorde-se ou não com o mérito de suas colocações, o desempenho da presidente marcou ponto para o Brasil, agora no papel de interlocutor da "América não-yankee".