domingo, 18 de dezembro de 2011

FUTEBOL - Santos poderia ter perdido de 10.

Do Blog do Boleiro.

De Buenos Aires: humilhação, baile e receio de que o Brasil dê vexame em 2014


Por Luciano Borges

Com 28 minutos de jogo, ainda no primeiro tempo, o comentarista da Fox Sports Latina, decretou: “Esta é uma humilhação para o futebol brasileiro, acostumado a mostrar um jogo de habilidade e toque de bola”. O Barcelona já vencia o Santos por 2 a 0, na final do Mundial de Clubes da Fifa e a torcida dos narradores argentinos pelo time brasileiro tinha acabado.

Sim, porque havia uma simpatia pelo representante da América do Sul diante do campeão europeu. O Blog do Boleiro acompanhou o jogo do bistrô de um hotel em Palermo Soho, Buenos Aires. Embora Messi e Mascherano estivessem envolvidos na decisão, poucos bares na capital argentina abriram para mostrar a partida. “Espero muito deste jogo. O Santos é o melhor time das Américas. Espero muito gols”, disse o panamenho Morris Reyes, que é comprador de uma multinacional norte-americana.

Logo no início da partida, depois de 21 passes trocados em seu próprio campo, o Barcelona perdeu a bola para o Santos. Reyes chegou a comemorar. “Vai ser difícil para o Barça”, comemorou.

Com o primeiro gol de Messi, marcado aos 16 minutos, o otimismo do homem de negócios acabou. “Mas estão dando muito espaço para o Xavi e o Messi”, reclamou. Quase no mesmo instante, aos 22 minutos, o comentarista da televisão perdeu a pacoiência com os volantes do Santos: “Que marquem logo por favor”, disse.

Trinta segundos depois, Arouca encostou em Iniesta. Levou um drible desconcertante e o espanhol avançou livre para mais uma troca de passes. “Que baile!”, gritou o narrador.

A imagem de que o time brasileiro dançava ao ritmo da equipe catalã foi utilizada pelo argentino Carles Vilana, torcedor do Argentino Juniors e crítico feroz de Messi (“Ele não tem alma”). Quando Fabregas marcou o terceiro gol, aos 44, ele riu e falou: “Esta não é a final sonhada por mim. Foi um baile”, falou.

Na segunda etapa, o Santos voltou com disposição de atacar mais. Criou uma chance com quase dois minutos de jogo, quando Borges cruzou para Neymar cabecear para fora. “Estava faltando ousadia. Olha como dá para chegar”, disse Reyes.

No final, o Barcelona tomou conta do jogo outra vez. Ficou com a posse de bola durante a maior parte do tempo (71%), chutou a gol duas vezes mais que os santistas (16 a 8), cercou a área brasileira (seis escanteios contra nenhum) e bateu pouco, a exemplo do Santos (13 faltas para cada equipe).

Já lá pelos 30 minutos, antes do quarto gol (o segundo de Messi), os poucos espectadores do bistrô se puseram a discutir se a Universidad do Chile não é mesmo o melhor time do continente sul-americano. O papo foi estimulado pelo comentário vindo da tevê: “O futebol da Universidad resgata o toque de bola”, disse.

No final, o nicaragüense Javier Jamirez – garçom do bistrô – ouviu atentamente o atacante Neymar dizer que tinha levado uma aula de futebol na noite japonesa do domingo. “Ele tem razão. Parece que os brasileiros esqueceram o jogo bonito. O único jeito é retomar como faziam em 1970”, falou.

É difícil voltar no tempo, admitiu Jamirez. Mas ele ainda lembrou que em 2014, na Copa do Mundo do Brasil, a seleção da Espanha voltará a campo com a base e o jeito de jogar do Barcelona. “Se o Brasil não se cuidar, não vai ser campeão em casa”, disse. “E nós temos muito o que melhorar”, emendou referindo-se ao time da Argentina.

A transmissão da tevê para as três Américas terminou com um último pitaco: “Desconfio que o Barcelona nem correu tanto quanto corre nos jogos da Liga dos Campeões. E o Messi, depois deste jogo, já pode pegar o troféu de melhor do mundo outra vez”.

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