quinta-feira, 21 de julho de 2011

POLÍTICA - Estaria Dilma sendo rígida demais?

Sobre Dilma, eu e Lula concordamos.

"Fico com a impressão que se trata de uma vertente do estilo de Collor. Muito mais discreto. Mas que corre no mesmo fio da navalha, no risco político, na solidão crescente da gestão", escreve Rudá Ricci, sociólogo, Doutor em Ciências Sociais, Professor do Mestrado em Direito e Desenvolvimento Sustentável da Fundação Dom Hélder Câmara, autor de Lulismo (Editora Contraponto, 2010), publicado no seu blog, 20-07-2011.

Eis o artigo.

Lula teria comentado, hoje, que se preocupa com o estilo muito rígido de Dilma Rousseff. Acredita que sofrerá represálias no Congresso Nacional. É exatamente o que penso. A grande imprensa elogia, diz que está no caminho certo, que agora vai. A cada dia tenho mais convicção que a grande imprensa não tem a menor ideia do que acontece no mundo político.

Analisemos com cuidado. Dilma não amarra o contrapeso antes de tomar uma atitude drástica contra um aliado. Assim, suas ações são unilaterais. No mundo político é interpretado como alma intempestiva. Os soldados que caem (não entro em juízo moral nesta rápida observação, mas apenas no jogo político que envolve suas atitudes) não são substituídos por pessoas com peso ou lastro político. Quase todos são do baixo clero ou técnicos sem grande expressão. Assim, a Presidente indica que se trata de sua cota pessoal exclusiva e, portanto, gestão de sua única responsabilidade. Obviamente que desmonta aos poucos a coalizão montada por Lula.

O fato é que Dilma troca seis por… quatro. Fica menor para o Congresso Nacional. Talvez maior para a grande imprensa e parte da classe média. Mas no jogo cotidiano, não percebo que construa alguma ponte ou que consiga efetivamente se impor sobre o parlamento e base aliada.

Volto a elocubrar: fico com a impressão que se trata de uma vertente do estilo de Collor. Muito mais discreto. Mas que corre no mesmo fio da navalha, no risco político, na solidão crescente da gestão. O problema é que neste país continental em que o maior partido é o PMDB e o mais querido é o PT, não parece ser muito prudente que Dilma jogue todo seu futuro em poucas cartadas.

Fonte: IHU

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