domingo, 17 de julho de 2011

FUTEBOL - Brasileiros deportados.

Jogadores de futebol brasileiros são deportados da Inglaterra

Bob Fernandes
e Eliano Jorge


Site oficial do Dinamo de Bucareste anuncia entrada livre para jogo entre seus atletas e cancelamento do amistoso contra um time brasileiro neste sábado (16) (foto: www.fcdinamo.ro/ Reprodução)


Final da noite desta sexta-feira (15) no Aeroporto Heathrow, em Londres. No guichê da TAM, um dos funcionários conversa no radiocomunicador:
- Xiiiii, problema grande! Jogadores de futebol deportados!?

Doze de 20 brasileiros que deveriam jogar amistosos na Romênia foram mandados de volta ao Brasil. Quatro deles chegaram a São Paulo na manhã deste sábado, depois de embarcarem pelo portão 47 no voo JJ8085 da TAM, marcado para as 22h35 e adiado em cerca de meia hora por causa do tráfego intenso, que minou a célebre pontualidade britânica. Um funcionário da companhia aérea etiquetou as bagagens apenas na antessala pré-embarque, sem o ritual do check-in.

Durante o voo, de madrugada, o jogador apontado como o meia Nélio, de 27 anos, revelado pelo Flamengo, relatava a comissários de bordo o drama vivido pelos brasileiros. Bem antes de ser servida a refeição, recebeu pão e água.

Mais tarde, o jogador que se apresentou como Cauê, zagueiro do Gama, de 23 anos, confirmou a versão para Terra Magazine. Era o único sem o agasalho azul com a marca Zico 10, da rede de escolinhas do ex-craque da Seleção.

- Sim, fomos todos deportados. Éramos 21. Ficamos todos presos na mesma sala, fomos entrevistados. Fizeram perguntas, depois carimbaram os passaportes pra gente voltar pro Brasil e não poder voltar mais lá - narrou. - Outros também voltaram, como nós, em outro voo.

Ele demonstrava preocupação com seu empresário. "O Getúlio (Tadeu dos Santos) tem 70 anos, tá lá preso, vai ser deportado, estou preocupado".

- Tivemos treinos antes no Rio de Janeiro. Já cheguei quase no final. Pelo que sei, a gente ia jogar na Romênia, mas, quando chegou a Londres, não tinha passagem pra continuar. Aí os caras nos prenderam e nos deportaram - acrescentou Cauê.

Na delegação barrada pelos ingleses, ele destaca o papel do treinador identificado como Leandro e indicado por ele e pelo empresário Marcio Granada como genro do técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo.

Granada é o responsável pela excursão, mas não acompanhava o grupo. Admite a deportação de 12. Segundo ele, os demais foram liberados. Porém, os desfalques cancelaram a ida da equipe à cidade romena de Otopeni.

- Os policiais humilharam nossos jogadores, mandaram calar a boca. Doze voltaram ontem, oito voltam hoje (sábado) à noite. Foi um problema diplomático. Outros passageiros (fora da delegação) também foram deportados - alegou Granada.

Ele explica que os atletas viajaram quinta-feira (14) para a Europa. Fariam um amistoso com o Dínamo de Bucareste neste sábado.
- Seria o último jogo da pré-temporada deles, com 10 mil pessoas, televisionamento para toda a Romênia. Segunda-feira (18), jogaríamos com o Steaua Bucareste e voltaríamos quarta.

O agente contou que o time é composto por jogadores livres, avaliados e selecionados no Brasil inteiro para serem oferecidos a clubes estrangeiros. "Uma oportunidade de negócios", frisou.

- Estamos acionando nossos advogados. Estávamos com documentação, reserva de hotel, todos devidamente uniformizados. Nosso coordenador tinha R$ 50 mil de limite no cartão de crédito, passagens de ida e volta. Nunca deu problema, já fomos a Dubai, Alemanha e duas vezes à Espanha. É um prejuízo enorme, já passa de R$ 220 mil. Um desgaste emocional e financeiro.

Granada conseguiu amenizar as perdas com o cancelamento dos trechos da Air France para a Romênia. "Aí são quase R$ 30 mil a menos (de prejuízo)", informou.

Um dos atletas reclamou de não ter dinheiro nem para se alimentar. O empresário disse que "90% tinha dinheiro". E garantiu que foi recepcionar os deportados para reencaminhá-los às suas cidades de origem.

Confira entrevista com o zagueiro Cauê Carvalho.


O zagueiro Cauê, que jogou por Internacional, Ceará, Nacional de Manaus, clubes da Romênia e da Sérvia (foto: www.gamagol.com.br/ Divulgação)

Terra Magazine - Quantos jogadores foram deportados no voo JJ8085 da TAM?

Cauê - Eu e mais quatro: o Mateus, que acho que é do Zico 10; o Nélio, que jogou no Flamengo...

Um que parece com o Diego, que era do Santos...
Sim, um baixinho, loirinho. Tinha ainda Daniel, do Uniclinic, e mais um que não lembro o nome.

Vocês foram deportados?

Sim, fomos todos deportados. Éramos 21. Ficamos todos presos na mesma sala, fomos entrevistados. Eles fizeram perguntas, depois carimbaram os passaportes pra gente voltar pro Brasil e não poder voltar mais lá.

Os 21 foram deportados?

Isso, eu não sei dizer, eu sei que outros também voltaram, como nós, em outro voo.

Mas você sabe se os 21 foram deportados?

Estava todo mundo sem passagem pra Romênia, todo mundo errado porque a gente tinha que ter a passagem até a Romênia. Então por que só nós fomos deportamos e os outros nao seriam?

E quem ficou por lá?

Ficaram mais alguns, entre eles o Leandro, que é o treinador e é genro do (técnico do Flamengo, Vanderlei) Luxemburgo, e que foi muito boa gente. Ele e o Getúlio Tadeu dos Santos, empresário de Fortaleza. Tem que tirar o chapéu pro Leandro, ele nos ajudou, conversou com todo mundo, acalmou todo mundo. Se não fossem ele e o Getúlio, a gente tava ferrado.

Mas o empresario disse que nem todos foram deportados.
Ah, só nós então...?

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