quarta-feira, 15 de junho de 2011

ECONOMIA - Quem ganha com a inflação dos EUA?

Enviado por luisnassif
Por Fernando Augusto Botelho - RJ

Do Estadão

Quem são os que vivem de renda?

Paul Krugman

Depois da minha postagem sobre quem vive de renda e a sequência falando do eurocentrismo, uma pergunta surgiu: sobre quem estamos falando? Ou seja, quem ganha com a deflação e perde se a inflação estiver, digamos, 4% mais alta num período de 10 anos? São as senhorinhas que vivem de aplicações em renda fixa, e os trabalhadores da América profunda que apertam o cinto e poupam?

Bem, não são eles. Claro que há pessoas comuns que perderiam um pouco com a inflação mais alta. Mas a Previdência Social – que é o pilar da aposentadoria de muitos americanos – esta indexada à inflação, e as contas de aposentadoria investidas em ações não seriam prejudicadas.

Se você quer saber quem realmente ganha na disputa inflacionária, examine o estudo mais recente de Edward Wolff sobre a Distribuição da Riqueza Americana. Aqui está um extrato do documento:



Os títulos financeiros, na sua maior parte, estão na posse dos ricos – mais de 60% estão em mãos de apenas 1% da população e mais de 98% em poder dos 10% mais ricos. É verdade que os americanos da classe média mantêm depósitos significativos e que uma parte das suas contas de aposentadoria está aplicada em títulos. Por outro lado, os americanos da classe média arcam com a parte do leão da dívida; comparativamente, os ricos dificilmente assumem alguma parte dela.

Assim, se você pensar sobre as consequências, em termos de distribuição, de uma escolha entre uma década perdida, como no Japão, ou uma inflação muito baixa ou negativa, e uma estratégia tipo Mankiw-Rogoff de inflação mais alta durante um período, isso terá muito a ver com os benefícios para os ricos versus os benefícios para classe média. Desde que venho afirmando que alguma inflação contribuiria para a recuperação econômica, o que temos visto na prática é que a defesa dos interesses de uma pequena parcela rica da população assumiu prioridade em relação a uma possível estratégia de recuperação.

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