quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ELEIÇÕES - O Serra está mais nervosinho.

Essa da favela virtual da propaganda tucana é a piada do ano.

Do site da Revista Brasil Atual.

Serra mostra-se agressivo em debate na internet.

No primeiro encontro de candidatos depois que Dilma abriu vantagem de oito a 16 pontos nas pesquisas, tucano muda o tom.

Por: João Peres, Rede Brasil Atual


Os candidatos à Presidência Marina Silva (PV), Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) são vistos em vídeos do primeiro debate online do Brasil, transmitido ao vivo de São Paulo. (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
São Paulo – José Serra (PSDB) mais agressivo. Marina Silva (PV) tentando se colocar como alternativa e mostrando PT e PSDB muito parecidos. Dilma Rousseff (PT)reforçando as conquistas do governo Lula e lembrando o legado de Fernando Henrique Cardoso. Foi este o resumo do primeiro debate na internet entre candidatos à Presidência da República.

O tucano chegou ao Teatro da Universidade Católica (Tuca) na capital paulista sob a pressão de pesquisas que mostram o alargamento da vantagem da adversária do PT - a última, a do Vox Populi divulgada na terça-feira (17), apontou 16 pontos de diferença entre os dois. E logo ao fim do primeiro bloco havia dado o tom que pode ser o de sua campanha daqui por diante: ataques enérgicos.

Serra chamou Dilma de ingrata por, segundo ele, não reconhecer a herança deixada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, do qual foi ministro. Insinuou que a petista copiou propostas de seu programa de governo. E disparou ainda contra Marina Silva e até contra o jornalista Josias de Souza, que no último bloco comparou as alianças que sustentaram o governo FHC com as alianças que sustentam o governo Lula.

O coordenador de internet da campanha de Dilma, Marcelo Branco, ironizava em conversa com a reportagem durante um dos intervalos: “Acho que dormiu pouco esta noite. Está com uma cara um pouco desfigurada. Nervoso, inseguro. Exatamente porque é difícil enfrentar um debate como esse, principalmente na área de educação, em que foi um governador que tratou os professores a porretada.”

Educação foi, de fato, um dos temas centrais do encontro. E novamente o motivo para a perda de estribeiras. Serra e Marina abriram a conversa falando sobre ensino técnico. O tucano prometeu um milhão de vagas em quatro anos e a criação do Protec, que seria como o Programa Universidade para Todos (ProUni), do governo Lula, mas voltado à formação de técnicos.

Marina Silva aproveitou para dar o tom de sua fala, atacando a gestão de Serra e de seu partido em São Paulo. "Por que, em vinte anos do PSDB, não tivemos aqui um exemplo a ser transformado em políticas públicas para o Brasil? Está dizendo agora que vai fazer em quatro anos o que não fez em vinte." Em conversa de corredor, um petista pondera que Penna, do PV de São Paulo e aliado de Serra, acabaria tendo "um treco" com a postura de Marina.

Dilma Rousseff, por seu turno, lembrou que o DEM, aliado histórico do PSDB, ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com Ação Direta de Inconstitucionalidade para pedir a revogação do ProUni. A ex-ministra da Casa Civil apontou que o governo Lula só não fez mais porque uma lei aprovada durante a gestão FHC proibia a União de promover o sustento das escolas técnicas. Serra rebateu afirmando "isso é mentira" e novamente tentou mostrar a petista como uma candidata fabricada, afirmando que "algum assessor" tinha passado aquele dado que ela repetia erroneamente.

“Dilma e Marina estão fazendo uma dobradinha muito boa. As duas estão colocando no corner o candidato José Serra, que está tendo alguma dificuldade”, comemorava o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

Por dificuldade ou por opção, Serra continuou sua mudança de tom com frases como "no torneio do quanto pior, melhor, o PT é campeão" e “seu espelho retrovisor é tão grande. Maior que seu para-brisa”, numa tentativa de desmerecer a comparação entre governos.

A candidata governista, por sua vez, aproveitou para apontar a instabilidade econômica do país na virada de 2002 para 2003. "(Havia) dívida externa elevadíssima. Devíamos tanto aos credores internacionais e tínhamos empréstimo no FMI (Fundo Monetário Internacional), que controlava todos os nossos investimentos; impedia investimento em transporte, ferrovias, rodovias", enumerou.

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos lembrou, em conversa com a reportagem, as vantagens do governo Lula na geração de empregos e nos programas sociais. "E uma coisa muito importante é que na hora que o mundo viveu a maior crise que já existiu, o presidente e seu governo souberam tomar medidas anticíclicas. Em vez de subir o imposto, baixar. Em vez de restringir o consumo, fazer aumentar. De modo que o país, que já tinha um mercado interno montado, teve condições de fazer girar o sistema capitalista e a crise acabou sendo uma marolinha."

Outros tons
Marina Silva, embora admitindo avanços do governo Lula no campo social, reiterou que PT e PSDB são muito parecidos no arco de alianças e não contemplam a necessidade da construção de um modelo de desenvolvimento que leve em conta os aspectos ambientais.

Em novo ataque a Serra, Marina questionou o porquê de o PSDB utilizar uma favela virtual em seu programa eleitoral na televisão, arrancando aplausos da plateia: "Tivemos favela virtual, quando tem tanta favela real, como a que eu visitei ontem."

O candidato a vice na chapa do PV, o empresário Guilherme Leal, negou após o debate que exista uma mudança planejada no tom da candidata. “Não acredito que seja estratégia diretamente com relação ao Serra. O que ela procura ser é mais enfática em mostrar que é uma alternativa às outras duas candidaturas, que de alguma forma se assemelham, como ela teve oportunidade de dizer, no seu arco de alianças, na velha política”

Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, entende que Marina mudou sim o tom, talvez sentindo a "desidratação" da campanha de Serra e a possibilidade de tomar a segunda posição. "Por outro lado (Marina) insiste numa tese extremamente ingênua que é a possibilidade de virmos a ter uma convergência entre PT e PSDB no futuro."
Fonte: Revista Brasil Atual.

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