terça-feira, 20 de abril de 2010

MEIO AMBIENTE - Cochabamba em busca de um novo impulso.

Do site Esquerda.net.
Cochabamba em busca dum novo impulso criar PDF versão para impressão enviar por e-mail
19-Abr-2010
Cochabamba comemora os 10 anos da Até 22 de Abril reúne a Conferência Mundial dos Povos sobre as Alterações Climáticas e os Direitos da Mãe Terra, para responder ao fracasso da cimeira de Copenhaga. Artigo de Tom Kucharz, em Cochabamba.

Gente de todo o mundo inaugura esta segunda-feira a Conferência Mundial dos Povos sobre as Alterações Climáticas e os Direitos da Mãe Terra. Convocada pelo governo de Evo Morales, terá a participação de comunidades indígenas, comunidades afectadas, movimentos sociais, científicos, juristas, parlamentares, ONG e governos comprometidos a promover a justiça social e ambiental.

Registaram-se 15200 pessoas, 8 mil das quais vindas do estrangeiro. Segundo os dados oficiais, de África virão representantes de 28 países, da Europa 29, da Ásia 17, da América Central 13, da América do Sul 12, da Oceania 6 e da América do Norte 3. Entre as personalidades presentes estarão Vandana Shiva (India), Adolfo Pérez Esquivel (Argentina), François Houtard (Bélgica), Miguel D’Escoto (Nicarágua), Frei Betto e Leonardo Boff (Brasil), Q’orianka Kilcher (EUA), Timothy Byakola (Uganda) e Jose Bové (França).

A conferência ganha especial importância porque a recente reunião da Convenção Marco das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, em Bona, não concluiu com um apelo urgente para que os governos retomem as negociações internacionais a fim de conseguirem um acordo vinculativo, ambicioso e justo de redução de emissões de gases de efeito de estufa. No entanto, a União Europeia, a China e os Estados Unidos assinalaram que não têm vontade política de chegar a esse acordo na próxima Conferência das Partes (COP16) a ter lugar no México no fim do ano, e adiam o acordo para 2012.

Para a Ecologistas en Acción, este novo adiamento é inaceitável e escandaloso. Tal como o resto dos movimentos sociais comprometidos com a Justiça Climática e presentes em Cochabamba, caracterizamos o momento actual pela prepotência dos EUA, UE, China e do poder económico dominante, que também se expressou no "não-acordo" de Copenhaga, quando poucos países impuseram um resultado que não trava o aquecimento global abaixo de 1,5ºC (em relação à época pré-industrial). Os pacotes multibilionários dos governos para resgatar os bancos e a indústria financeira, a ajuda à compra de automóveis ou o aumento da despesa militar assinalam que não se trata duma questão de falta de recursos económicos.

Para encontrar uma dinâmica que - de forma urgente - reinicie as negociações, estamos presentes na Conferênia Mundial dos Povos sobre as Alterações Climáticas, onde organizaremos uma assembleia dos Movimentos Sociais para debater o nosso apoio às propostas e iniciativas dos governos comprometidos com a justiça climática, bem como organizar a nossa própria agenda que potencie as nossas alternativas contra as falsas soluções para a crise climática, a militarização como resposta a ela, contra os investimentos de empresas transnacionais que - com o apoio de governos ou instituições multilaterais como o Banco Mundial - monopolizaram territórios para o monocultivo agroexportador, contra a privatização do ar e a criação de mercados especulativos dos chamados "créditos de carbono".

Assim, por exemplo, buscaremos estratégias para impedir um empréstimo do Banco Mundial de 3,75 mil milhões de dólares para ajudar a companhia eléctrica sul-africana Eskom a construir uma das maiores centrais a carvão do mundo, contra uma ampla oposição social na África do Sul e no estrangeiro.

Enquanto membro da rede internacional Justiça Climática Agora (Climate Justice Now!) e a rede birregional Enlazando Alternativas, que prepara actualmente a Cimeira dos Povos Enlazando Alternativas IV (Madrid, 14 a 18 Maio), pareceu-nos importante participar nesta conferência, na qual aproveitaremos para divulgar a mobilização em Madrid em Maio, e especialmente a sessão do Tribunal Permanente dos Povos, onde se acusará a União Europeia pela sua responsabilidade criminal na crise climática.

A Ecologistas en Acción foi convidada pelo governo boliviano a participar no painel "Definindo uma estratégia comum depois de Cochabamba" (21 de Abril). Entre os 17 Grupos de Trabalho que decorrerão em paralelo, vamos centrar-nos no "Tribunal da Justiça Climática" - uma proposta para criar um Tribunal Internacional nas Nações Unidas.

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