sexta-feira, 26 de março de 2010

ECONOMIA - Crise grega terá ajuda do FMI.

Empréstimos à Grécia envolverão FMI criar PDF versão para impressão enviar por e-mail
26-Mar-2010
Angela Merkel e Nicolas Sarkozy
Mecanismo de apoio à Grécia decidido por acordo franco-alemão prevê empréstimos bilaterais coordenados da Zona Euro, que serão completados por empréstimos do FMI. Intervenção do FMI seria sem precedentes na Zona Euro depois da sua criação em 1999.

Os países da Zona Euro adoptaram, sem alterações, na noite desta quinta-feira, o acordo concluído pela França e pela Alemanha que cria um mecanismo de apoio à Grécia. O acordo, a que chegaram Nicolas Sarkozy e Angela Merkel horas antes do início da cimeira europeia em Bruxelas, inclui a participação do FMI, no que parece ter sido um recuo da França diante das pressões da Alemanha.

O texto franco-alemão prevê "um quadro europeu constituído por empréstimos bilaterais coordenados" da zona euro, que seria completado por "empréstimos do FMI com a clara menção do facto de que o financiamento europeu deveria ser maioritário", segundo a presidência francesa.

Este dispositivo só será utilizado se for necessário. Se isso ocorrer, a intervenção do FMI seria sem precedentes na Zona Euro depois da sua criação em 1999.

Não foi definido nenhum montante para o plano de ajuda à Grécia. Mas, segundo uma fonte diplomática ouvida pelo jornal francês Libération, as necessidades potenciais da Grécia são estimadas em 20 a 30 mil milhões de euros.

O acordo franco-alemão pôs fim a um desacordo em relação à ajuda à Grécia. A Alemanha resistia primeiro à ideia de simplesmente ajudar a Grécia, e depois avançou com a proposta de recorrer ao FMI. Já a França era a favor de uma ajuda puramente europeia. O compromisso abre a porta ao FMI, sendo porém a ajuda europeia maioritária.

Para José Sócrates, que anunciou o acordo à imprensa, não foi tomada uma decisão de ajuda, porque tal ainda não se revelou necessário, e "o que se espera é que não seja necessário", mas ficou agora "clara a vontade da Zona Euro de agir se for necessário, caso se verifique algum problema".

E prosseguiu: "Não se trata de ajudar a Grécia a pagar as suas dívidas. Trata-se, isso sim, de dar um sinal claro de que estaremos ao lado da Grécia", assegurando nos empréstimos bilaterais "taxas de juro razoáveis e não especulativas".

O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, saudou a decisão: "A Europa deu um grande passo, diante de um desafio enorme", disse aos jornalistas em Bruxelas. "A decisão do BCE contribui para os nossos esforços".

Mas o ministro das Finanças grego, George Papaconstantinou, afirmou que a Grécia espera nunca ter que fazer uso das medidas acordadas pelos parceiros europeus. "Esperamos nunca termos de activar o mecanismo de ajuda".

Antes do acordo, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet classificara de errada a inclusão do FMI no dispositivo de ajuda à Grécia. Para ele, a Europa teria de resolver a crise da Grécia por si só. "Se o FMI ou qualquer outra autoridade exercer qualquer responsabilidade ao invés do grupo dos países europeus, ao invés dos governos, isso poderia ser claramente muito, muito mau", afirmou Trichet à televisão francesa.

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