quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

POLÍTICA - A soberba do ano-novo.

Copiado do blog "Muito pelo Contrário "

Alon :: “A soberba do ano-novo”


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“O diabo é o salto alto”

Bom eu falei semanas atras sobre os riscos para a Dilma e o PT. O Santayana tb. O Alon tb. Então não vai ser por falta de aviso, né?

O que o PT tem que entender claramente, e desde já, é que o Lula vai dar uma mãozona em 2010, vai praticamente colocar a Dilma no segundo turno, e que a candidata tem que fazer é não tropeçar e errar demais, e o PT é que tem articular estrategicamente uma forma de ganhar, ideologicamente, os eleitores do centro. Além disso, geograficamente, resolver a equação mineira, e pelamordedeus né? Se sair bem tb no Sul, onde o PSDB está arrasado. Eu acho que o horário eleitoral gratuito resolve a questão das mulheres e mais jovens.

Mas aonde vc vê (lê) as pessoas da esquerda discutindo isso? O que se vê por ai é um bando de bobocas achando que reverberar os defeitos do PSDB e do Serra pros paulistas vai faze-lo perder alguns pontos. Não vai. Como em minas o Aécio não perderia. Ou o Lula no Nordeste.

Esses locais estão consolidados, pouca coisa vai mudar. Enfim, ganhar o centro é o objetivo principal, afinal as derrotas do Lula serviram pra provar uma única coisa: que a esquerda não ganha as eleições sozinha.

Então, vamos baixar a bola, né?

Blog do Alon

A soberba do ano-novo (29/12)

Desqualificar a crítica pode ser útil a Lula. Mas será também útil a uma Dilma que precisa, urgentemente, aglutinar para buscar a maioria?

Quatro anos atrás, uma parte da oposição cruzou o ano-novo à beira da euforia. Luiz Inácio Lula da Silva e o PT pareciam batidos de véspera, supostamente feridos de morte pelos escândalos do 2005 que terminava. A economia tampouco mostrava exuberância suficiente para arrastar o cidadão a votar de olhos fechados na reeleição do presidente. Tratava-se apenas de escolher quem iria derrotar Lula e devolver o poder ao PSDB.

Escrevi “uma parte da oposição” para fazer justiça. Os mais profissionais entre os tucanos já anteviam que a disputa seria dificílima, que o Lula candidato à reeleição seria um osso duríssimo de roer. Mas onda é onda, especialmente na assim chamada opinião pública. Quando a onda vem, a prudência aconselha os políticos a não baterem de frente. Ou o cara pega a bichinha de jeito ou mergulha. Quando 11 em cada dez sabichões proclamavam a “morte do PT” em 2005, deram-se bem os caciques da oposição que decidiram mergulhar.

Um comportamento habitual entre políticos, jornalistas e torcedores é confundir a realidade com o desejo, tomar a nuvem por Juno. Acontece agora no PT. Uma pesquisa eleitoral feita imediatamente após o programa de tevê do partido deu Dilma Rousseff alguns pontinhos acima. Deu também um crescimento interessante dos votos espontâneos na ministra. Do outro lado, José Serra continuou onde estava, entre 35 e 40% das intenções estimuladas.

Os números foram razoavelmente bons para Dilma. A ministra vai superando paulatinamente o desafio de se tornar conhecida, 80% dos eleitores já dizem saber quem ela é. E o atributo de “candidata de Lula” dá o esperado gás para deixar na poeira o “concorrente interno”, Ciro Gomes (PSB). E o que mais? Mais nada. Na simulação de segundo turno, Dilma ainda está 15 pontos atrás de Serra, enquanto quase sete em cada dez eleitores dizem ser indiferentes ao fato de um candidato fazer oposição a Lula.

Com parte do petismo aderindo alegremente ao “já ganhou”, Serra e o PSDB estão a ponto a colher um presente de ano-novo. Parecido com o que o PT recebeu na passagem de 2005 para 2006. Quer presente melhor na política do que a soberba do adversário?

O que as últimas pesquisas mostraram de diferente na corrida sucessória? Nada. É impensável que a candidata de Lula fique fora do segundo turno, mesmo que a polarização aconteça no primeiro. E a diferença no mano a mano entre ela e Serra vai cair ainda mais. E se o PSDB conseguir fazer convergir os ativos político-eleitorais nos maiores estados estará bem posto para disputar com chance de vitória.

Aliás, para sorte do PSDB, até em alguns lugares onde o tucanismo vai mal, como no Rio Grande do Sul, o cenário ensaia uma base política vitaminada para Serra.

Há os políticos bons de agitação e há os bons de raciocínio. Quando alguém é craque nas duas coisas, como Lula, estamos diante de um fenômeno. O problema é que o culto à personalidade do presidente ameaça cegar. Bastou uma pesquisa razoável e o petismo já subiu no salto alto. Onde mesmo está o PT maravilhosamente bem colocado para a sucessão estadual? No Acre. Quais são os números a indicar que Dilma rompeu a barreira do um terço do eleitorado que gosta do partido? Por enquanto, número nenhum.

O endeusamento do presidente e a fé tão incondicional quanto interessada no líder funcionam como polo de aglutinação nesta reta final de mandato, um antídoto contra a expectativa da perda de poder. São úteis para levar o barquinho ao porto. Daí que Lula estimule sistematicamente essa deformação de comportamento. Quem o critica é porque “está contra o Brasil”, “não gosta de pobre” ou “não suporta a ideia de um simples torneiro mecânico ter dado mais certo do que os doutores na Presidência da República”.

Blá-blá-blá. O governo tem qualidades e defeitos. E a mitologia? Ela serve a um Lula que conta os dias para fazer companhia aos antecessores nos livros de História. Pode servir também, até certo ponto, a uma Dilma que precisa ganhar musculatura. Mas em eleição presidencial não basta ter muitos votos, é preciso buscar a maioria. Será que na hora “h” esse discurso primário e excludente vai dar conta?

Em 1989, 1994 e 1998 não deu.

Rejeitado

Persiste certa tensão no PT-DF sobre quem vai concorrer ao Buriti, se o favorito Agnelo Queiroz ou Geraldo Magela. Mas há um consenso. O único nome vetado até agora pelas correntes internas é o senador Cristovam Buarque (PDT).

Por isso, caiu bem no PT-DF a pesquisa recente que não apontou grande diferença entre os desempenhos de Agnelo e Cristovam.

A legenda nunca engoliu a saída do ex-governador do partido. E conta com a vantagem de poder colocar a culpa do “não” em Lula, que tampouco gostaria de ter que pedir voto para o desafeto.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada na edição desta terça-feira (29) do Correio Braziliense.

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