domingo, 25 de outubro de 2009

FILME ESBOÇA LEITURA POLÍTICA DE MARADONA.

Quem acompanhou o drama da seleção argentina para classificar-se para a próxima Copa do Mundo e viu o desabafo exaltado do técnico Diego Maradona não se surpreenderá com Maradona by Kusturica. O filme do diretor bósnio Emir Kusturica mostra todo o drama, o exagero e algumas vezes a violência que rondam os ditos e feitos do ex-jogador argentino.

Por Sylvia Colombo, na Folha de S.Paulo
Aqui o temos fazendo gols espetaculares e esbravejando contra poderosos — mafiosos napolitanos, chefões da Fifa, o príncipe Charles e políticos "imperialistas". É tratado como herói e soldado. "Se não fosse jogador, seria um revolucionário", conclui Kusturica.

O diretor interpreta o jogador com olhar político. Relaciona a história do menino pobre, que cresceu numa periferia latino-americana, com a dos personagens desenquadrados da sociedade que povoam seus filmes — que se passam, em geral, nos Bálcãs, o que faz a analogia ficar ainda mais descabida.

O ponto mais explorado é o gol feito com a mão contra a Inglaterra, em 1986, quando a Argentina foi campeã mundial. Maradona diz que se sentiu motivado ao pensar que estava dando uma resposta aos vencedores da Guerra das Malvinas. "Estávamos jogando por nossos mortos", diz.

Já Kusturica amplia o significado da jogada. Para o diretor, trata-se de um símbolo da luta anti-imperialista. Surge, então, uma tosca animação em que Maradona dribla George Bush, a rainha da Inglaterra, Tony Blair e Ronald Reagan ao som de God Save the Queen, o hino punk dos Sex Pistols.

Não faltam, é claro, as imagens dele com Hugo Chávez, Fidel Castro e Evo Morales. É um filme feito por um fã, tanto dos dribles como das convicções políticas do craque. O único mérito é dar voz a Maradona para que fale de temas delicados, como o vício pela cocaína que quase o matou.

Fora isso, vale para explicar que ter atacado os que vinham criticando-o como técnico nas últimas semanas é só mais uma demonstração da truculência histórica do gênio do futebol. A Mostra queria trazê-lo para a estreia. Mas Maradona não poderá vir. A razão? Está, justamente nestes dias, enfrentando um processo judicial por ter brigado com um jornalista...
Site:O Vermelho

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