sexta-feira, 25 de julho de 2008

AGROECOLOGIA - Trabalhadores debatem domínio das transnacionais.

J. de Agroecologia] Trabalhadores debatem domínio das transnacionais.

Por CascãoCC: Thaise Mendonça e Weslei Venâncio.

A atuação das transnacionais, sua relação com a agricultura camponesa e a crise de alimentos foram temas de conferências, realizadas na tarde desta terça-feira (23), durante o primeiro dia da 7° Jornada de Agroecologia. O evento, organizado pela Via Campesina, recebeu o membro da coordenação nacional João Pedro Stédile e a pesquisadora do grupo ETC (Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração), México, Sílvia Ribeiro.

A crise que desde janeiro tem provocado o aumento no preço dos alimentos é apontada por Stédile, como conseqüência da estratégia de atuação do agronegócio. A formação de oligopólios nos setores de fertilizantes, de venenos e no setor agrícola é apontado como a principal causa do aumento dos preços nos alimentos, basta lembrar que não aconteceu nenhum evento catastrófico que devastasse a produção de alimentos em escala mundial e pudessem justificar a repentina alta desses preços. "Os alimentos dobraram de preço, mas os pequenos agricultores continuam ganhando o mesmo. A imprensa não explica os motivos da crise porque teria que denunciar os verdadeiros culpados", denuncia.

Para o coordenador do MST, a crise dos alimentos tem colocado em evidência as contradições do modelo baseado no agronegócio e pode ser encarada como um marco para a superação desse sistema. "O preço dos alimentos vai continuar subindo, porque com o oligopólio o preço e o custo de produção deixaram de estar vinculados". Stédile aponta, ainda, como contradições do modelo, a dependência do petróleo para o uso com maquinário e fertilizantes, a ação depredatória do meio ambiente e a relação de exclusão de mão-de-obra.

Ele também denunciou a dominação que as transnacionais exercem sobre a agricultura e as conseqüências dessa relação para os pequenos agricultores e a sociedade que consome os alimentos produzidos pelo agronegócio. A lógica produtiva das transnacionais, voltada para a obtenção do lucro, o cultivo baseado na monocultura, exploração dos recursos naturais e uso de sementes transgênicas, é incompatível com a preservação do meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis. "Já está comprovado que o cultivo de monocultura destrói o meio ambiente, mas as transnacionais não querem produzir alimentos sadios, querem só lucro", argumenta.

Veneno e sementes

"No México não tem opção, ou os agricultores têm suas semente ou tem de comprar das transnacionais" afirmou Sílvia Ribeiro, do ETC. O controle das sementes deve ser visto como uma questão de segurança alimentar, e não pode ser pensado isoladamente. Para Ribeiro, existe todo um movimento do capitalismo de aumento do controle por parte das empresas do mercado de alimentos, desde seu inicio até seu processamento.

Empresas como Cargill e Bunge dominam o mercado de sementes. Também houve aumento da concentração das empresas no mercado de grãos e cereais. No controle do processamento de alimentos se destacam a Nestlé e Coca-Cola.

Do monopólio das sementes resulta a perda de controle na produção de alimentos. Antigas produtoras de fertilizantes, como Du Pont, Bayer, Syngenta, Monsantos e voltaram para o mercado de alimentos, diversificando sua produção. Esse processo exerce uma grande pressão para que os pordutores comprem conjuntamente o veneno e a semente. Os transgênicos são sementes frágeis e necessitam de agrotóxicos das próprias empresas fabricantes para se desenvolver.

Em relação aos transgênicos, a pesquisadora mexicana denuncia que é a primeira vez, na história da humanidade, que um ser vivo recebe a patente de uma empresa particular. "Os produtos transgênicos tem menor produtividade e servem para aumentar o controle da Monsanto e das transnacionais sobre a produção", enfatiza Ribeiro.

Esta concentração e centralização do complexo de produção de alimentos também resulta da crise imobiliária dos Estados Unidos. Com os prejuízos financeiros resultantes dessa crise as empresas migraram seus investimentos para o agronegócio, ou seja, numa típica inversão de capitais, passaram a especular com as colheitas de milho, trigo, soja, na tentativa de garantir a segurança dos investimentos num mercado imobiliário inseguro.

Ribeiro avalia, ainda, que a defesa do direito de se ter acesso a sementes deve ser uma estratégia fundamental para os povos, pois em questões dessa gravidade não há solução individual, mas coletiva. "É essencial o controle dos camponeses sob suas sementes, a produção do tipo crioula, evitando a padronização. A desobediência civil em relação a produção de sementes deverá ser tática essencial no combate ao monopólio, pois a produção autônoma de comida tenderá a ser criminalizada", conclui.
Fonte:

Um comentário:

Anônimo disse...

A atuação da Empresa Dupont no Brasil em todos os aspectos é altamente irresponsavel.

Comercializa no Brasil produtos altamente tóxicos como a base de Benomyl e Carbanatos,os quais matam a a cada ano numero maior de Brasileiros nas Fabricas e no Campo devido cancer e outras doenças.

A mesma Dupont cometeu um ato de alta irresponsabilidade ao prometer construção de fabrica de pigmentos em Uberaba com milonarios incentivos recebidos do Governo Mineiro e Brasileiro, sendo que nada construiu e realizou de maneira nâo disfarçada um duping que o fez lider do mercado.

São muitas as denuncias contra as transnacionais irresponsaveis, sendo que o Governo Lula necessita mostrar ações efetivas contra os atos desta empresas que produzem falsos principios de conduta empresarial.