quarta-feira, 25 de junho de 2008

ELEIÇÕES AMERICANAS - McCain mentiu.


Vietnamita desmente McCain: "Ele não foi torturado"


O candidato republicano nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, John McCain, "não foi torturado" e "mente aos eleitores americanos para conseguir o seu apoio", garantiu, em entrevista ao portal da BBC nesta terça-feira (24), o vietnamita Tran Trong Duyet, que 40 anos atrás dirigia a prisão onde eram confinados os militares norte-americanos capturados durante a Guerra do Vietnã.


Tran Trong Duyet: "Ele não disse a verdade"

McCain, na época um piloto da marinha de guerra dos EUA, foi abatido em 1967 quando bombardeava a capital, Hanói. Levado à prisão Hoa Lo -- apelidada pelos norte-americanos de "Hanoi Hilton"--, passou cinco anos e meio como prisioneiro de guerra. O hoje candidato afirma que foi brutalmente espancado e torturado, passou meses numa solitária e chegou a pensar em suicídio. Este relato, agora contestado por Duyet, é uma peça-chave da imagem que sua campanha procura projetar, para um eleitorado ainda dividido sobre o sangrento conflito de 1959-1975

"McCain é meu amigo"

A afirmação do ex-carcereiro vietnamita apresenta ainda mais embaraços por ser feita sem nenhum rancor e até com simpatia pelo senador republicano, que os democratas apontam como candidato a continuador do governo Bush. "McCain é meu amigo. Se eu fosse americano, votaria nete", disse Tran Trong Duyet, entrevistado ei Haifong por Andrew Harding, do site noticioso inglês. Hoje aposentado e com 75 anos, ele ainda gosta de dançar e cria passarinhos em seu quintal.
"Não sei como reagiria se me encontrasse de novo", disse o ex-carcereiro, enquanto mostrava ao jornalista velhas fotos em preto e branco, dele com soldados americanos capturados. "Mas posso confirmar que ele não foi torturado. Nós não torturamos nenhum prisioneiro", afirmou.
O repórter perguntou diretamente se o senador McCain mentiu sobre o tratamento que recebeu na prisão. "Ele não disse a verdade. Mas de alguma forma simpatizo com ele. Ele mente aos eleitores americanos para conseguir o seu apoio na eleição presidencial", contemporizou o vietnamita.

"Queremos deixar o passado para trás"

Duyet contou que com frequência convidava o hoje senador para conversar em seu escritório. "Nós costumávamnos discutir sobre a guerra, se era justa ou errada. É um homem muito franco, muito conservador e muito leal ao seu país e ao ideal americano", recordou. "Ele tinha um sotaque interessante e às vezes me ensinava palavras em inglês e corrigia minha pronúncia", contou ainda.

"Eu segui a carreira dele desde que saíu da prisão", relatou ainda o ex-carcereiro. "É verdade que os americanos começaram a Guerra do Vietnã e mataram tanta gente, mas agora queremos deixar o passado para trás. Agora eu considero John McCain meu amigo, pelo muito que ele fez para consertar as relações entre nossos dois países. E se ele se tornar presidente, faremos mais para melhorar estes laços", disse Duyet.

Os EUA e o Vietnã normalizaram relações em 1995, vinte anos depois da vitória da pequena nação asiática sobre a maior potência bélica do planeta. E é fato que McCain jogou um papel importante no reatamento, embora ele só tenha ocorrido na administração do democrata Bill Clinton. A normalização ajuda o Vietnã a manter ritmos quase chineses de desenvolvimento nos últimos 22 anos.
O jornalista da BBC tem o cuidado de dizer que "é impossível verificar a versão propagandística do senhor Duyet" e ela "deve ser tratrada com cautela", pois no Vietnã "as autoridades comunistas ainde mantêm severo controle sobre a mídia". No entanto, não se sabe qual será o efeito da entrevista sobre o eleitorado de McCain.

Da redação, com BB.

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