domingo, 25 de maio de 2008

NEOLIBERALISMO -Chile, o revés da "vitrine" neoliberal.

Para quem não leu esta matéria no excelente blog Democracia&Política, a reproduzo agora, pois serve para acabar com o mito de que o neoliberalismo deu certo no Chile no que se refere à Previdência Social. Serve também de um aviso ao pessoal saudoso da era FHC, para quem a solução do nosso sistema previdenciário passa pelo Chile.

CHILE, O REVÉS DA “VITRINE” NEOLIBERAL.

O Chile, como o Brasil de Collor e FHC, também acreditou no novo modelo liberal maldosamente “vendido” pelas grandes potências para os países periféricos, camuflado com bonito papel de presente.Pinochet, na década de 70, já havia sido o inaugurador (com o uso da força) do neoliberalismo econômico na América Latina, conduzido por seus “Chicago Boys”. Implantou, mais de vinte anos antes do Brasil, um Plano Pinochet bem parecido com o nosso futuro Plano Real de Itamar Franco em 1994, depois conduzido por FHC. Como viemos a imitar os chilenos no nosso plano, Pinochet escancarou as portas da economia do Chile para os produtos importados, privatizou em grande escala, não apoiou com proteções tarifárias ou com créditos a indústria e as empresas chilenas e segurou artificialmente sobrevalorizado, por alguns anos, o “peso” em relação ao dólar. Com isso, o Chile teve, como todos nós, o seu momento de ilusão. A inflação, como no Brasil com o Plano Real e em todas as economias que se abriram repentina e radicalmente, caiu de forma abrupta nos primeiros anos. Era a ilusão do sucesso da estabilização da moeda. A inflação caiu em especial por conta da livre importação maciça e facilitada de bens mais baratos (pois não sofriam taxas de importação) de todas as partes do mundo desenvolvido. O Chile já se orgulhava da sua moeda estável (mas sobrevalorizada), porém, alguns anos depois, em 1982, teve que desvalorizar rapidamente o peso em face do dólar para evitar o colapso da sua economia. Isso também veio a ocorrer no Brasil no final dos anos 90, após a reeleição de FHC, quando já não era viável a nefasta âncora cambial sobrevalorizada para sustentar o Plano Real. O Chile pagou alto preço social por aquelas medidas liberalizantes do agrado do FMI e das grandes potências, mais especificamente dos EUA. Como corolário secreto já previsto pelos idealizadores daquela doutrina, vieram a desindustrialização e o desemprego maciços, o exponencial aumento da dívida externa e o hábito irreversível (por parte da população acima da faixa de pobreza) de consumir caros produtos sofisticados exportados pelos países industrializados. Esse “reverso da medalha” inevitavelmente ocorreu nos países que seguiram o mesmo modelo, como o Brasil. Como conseqüência das ‘medidas modernizantes’, vieram a grande concentração de renda naqueles poucos nacionais que lucraram com a nova situação, a ilusão de progresso com os grandes e suntuosos shopping com quase todas as lojas de marcas estrangeiras, belas butiques, com os sofisticados clubes de ricos, as luxuosas lojas de carros importados. O resultado mais sensível foi o aumento das convulsões sociais e do número de desempregados e insatisfeitos. Esses últimos problemas foram combatidos por Pinochet no Chile utilizando um ‘modo heterodoxo’, de altíssimo custo social e difícil de copiar. Após o “boom” inicial da abertura, o Chile começou a ver seus ansiados e prometidos “nichos de oportunidade no mundo globalizado” reduzindo-se. Restrito, basicamente, a poucos produtos primários (cobre, madeiras e frutas) --cada vez mais baratos com o aumento da competitividade de outros países e com a tendência mundial de barateamento das commodities-- e com o seu pequeno mercado interno, menor em população do que a cidade de São Paulo, o Chile não viu alternativa senão implorar, sem poder de barganha, sua prematura satelização aos EUA e adesão à ALCA. No acordo bilateral dessa adesão, os chilenos “concordaram com todas as imposições norte-americanas, que mantiveram, por sua vez, o seu forte protecionismo, especialmente à agricultura” (A. Bahadian, co-presidente da Alca, Folha de São Paulo, 22/05/2004). Hipócritamente, a economia liberalizada chilena era, e até hoje é, elogiada pela imprensa e pelos organismos internacionais de crédito como modelo para o Brasil e toda a América Latina adotarem. O Brasil do PSDB/FHC/PFL-DEM, mesmo tendo o país uma economia completamente diferente da chilena, em escala, mercado e em conteúdo, e já podendo observar os resultados do Plano Pinochet, ainda assim acreditou no Consenso de Washington e no FMI, e implantou o análogo Plano Real vinte anos após...Por que escolhi hoje essas velhas anotações sobre o Chile? Porque li a seguinte pequena nota do jornalista Lustosa da Costa no jornal Diário do Nordeste:“O BLEFE””A previdência privada do Chile foi ao chão. As seguradoras estão ricas. Menos de 65% dos trabalhadores chilenos aderiram. O creme do creme foi a extinção da contribuição patronal. Só os tralhadores que queiram se aposentar contribuem. É o que querem os patrões brasileiros. Vão chegar lá.Ninguém se aposenta no INSS, hoje, com tres salários minimos. Sete milhões de brasileiros, da classe média, compraram planos de previdência privada com as mesmas características dos chilenos. Só as seguradoras e os bancos (no caso do Brasil) ganham. Estão com mais de 100 bilhões nos cofres, aumentando os lucros.Dizem que são títulos de aposentadorias, para ganhar isenção fiscal da Receita Federal. Na realidade, são aplicações financeiras.Podem virar pó.”

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