sábado, 31 de maio de 2008

CUBA - USAID revela seus planos para subversão em Cuba.

Quem é da minha geração e militou no movimento estudantil, se lembra muito bem da atuação da Usaid na preparação do golpe de 64.

POR JEAN-GUY ALLARD — do Granma Internacional.

NO novo plano para a desestabilização de Cuba, a Usaid promoverá o envio clandestino de material eletrônico à Ilha, através de intermediários europeus e latino-americanos, que realizarão o trabalho sujo que não pode legalmente fazer, e favorecerá as viagens de agentes no país, utilizando as chamadas licenças humanitárias para fazer "avaliações in situ".
Obrigada pelo GAO (escritório federal de auditoria) a criar-se certa imagem de decência na distribuição do dinheiro do contribuinte, que até agora esbanjava sem a menor licitação, a Usaid acaba de realizar, em 14 de maio passado, uma assembléia em sua sede de Washington sobre a distribuição dos US$45 milhões destinados pela administração Bush para provocar uma ruptura do processo revolucionário cubano.
O chefe da Usaid para a região latino-americana, José "Pepe" Cárdenas, ex-dirigente da Fundação Nacional Cubano-Americana (FNCA), liderou um grupelho de funcionários federais "especialistas" de Cuba durante três horas (das 9h até meio-dia), deixando fora do local os meios de comunicação, num ambiente conspirativo, conforme as operações que pretende realizar. Entre estes especialistas, encontravam-se:
• Seu braço direito para Cuba, Elaine Grigsby, diretora do chamado Programa Cuba;
• Amadjan Abani, do Escritório de Assistência e Aquisições da Usaid;
• Anthony Christino III, do Bureau de Indústria e Segurança do Departamento do Comércio;
• Clara Davis, do OFAC (agência do Departamento de Estado que monitora e sanciona os intercâmbios com Cuba).
Entre as organizações, umas célebres, outras menos conhecidas, porém todas interessadas em se apropriarem dos milhões do Departamento de Estado, sobressaíram:
A pseudo-ONG checa People in Need; Global Partners; IBMC; Loyola University; Center for Democracy in the Americas; Jackson State University; Mississippi Consortium for International Development; International Resources Group; Panamerican Development Foundation; Partners of America; Alliance for Family; o Conselho de Comércio da... Hungria e a multimilionária Tevê Martí.
Nenhum diplomata — nem sequer o agente checo Kolar — esteve presente.
Quanto a confessar autênticas operações de espionagem contra Cuba e em território cubano, "Pepe" Cárdenas, o ex-dirigente da FNCA que substituiu o corruptíssimo Adolfo Franco, enfatizou a necessidade de identificar ONGs em terceiros países que encaminhem os recursos da Usaid para a subversão.
Salientou que é necessário enviar a Cuba, por meio daqueles intermediários, "panfletos de propaganda, celulares e aparelhos de comunicação modernos", assim como "treinar cubanos residentes na Ilha em terceiros países".
Após se referir à "filosofia" atrás da grande expansão do Programa Cuba da Usaid, Cárdenas sublinhou que seu orçamento, de US$13 milhões em 2007, "aumentou" para US$45 milhões em 2008.
Depois mencionou entre os países mais propensos para fazer este trabalho encoberto, Chile, Peru, Argentina, Colômbia e Costa Rica.
Grigsby, presumivelmente sua mais fiel colaboradora, comentou que, segundo sua experiência, era difícil conseguir parceiros na América Latina.
Como bom instrutor de uma operação de inteligência, Cárdenas falou da conveniência de utilizar países da Europa oriental que "experimentaram recentemente transições".
Contudo, não esclareceu o nível de colaboração ou cumplicidade da inteligência norte-americana com os funcionários dos governos dos países acima referidos.
Respondendo a uma pergunta, Cárdenas revelou que já tinham recomendado a "instituições experientes na execução deste tipo de programa", como a NED, o NDI, o IRI, a Florida International University, a Freedom House com seu agente da CIA, Jaime Suchilicki... e, com certeza, o Center for a Free Cuba, de seu amigalhaço Frank "Paquito" Calzon.
OPERAÇÕES SECRETAS
Com uma linguagem própria de um agente de uma missão de espionagem, o ex-dirigente da FNCA confessou que é "difícil" introduzir materiais na Ilha e, portanto, induziu que o trabalho tinha que "fazê-lo às ocultas".
Grigsby acrescentou que, além de serem altamente secretas as tarefas encomendadas, se existissem pedidos para revelar doumentos, em virtude da Lei da Liberdade de Informação (conhecida como FOIA), a Usaid "apenas emitiria um resumo geral e guardaria o segredo" dos pormenores dos programas de cada ONG, pois são "materiais secretos".
Anthony Cristino III referiu-se nesta mesma confissão pública à "necessidade" de enviar computadores e softwarea a Cuba, para o qual seus serviços vão facilitar licenças.
Clara Davis, a perúla do OFAC, propôs licenças de viagem, esclarecendo que as chamadas licenças humanitárias sejam utilizadas para a inflitração de agentes, sob o pretexto de projetos ligados à saúde pública, ao meio ambiente e a "iniciativas específicas".
Também falou aberta e grosseiramente sobre o "interesse" em promover viagens a Cuba, usando licenças, para "fazer avaliações in situ".
Davis assinalou que "o maior envio de dinheiro a Cuba" era "através da Igreja", uma referência muito intencional que tem por objetivo prejudicar as ótimas relações existentes entre a Igreja e o Estado cubano.
AS ELEIÇÕES DETERMINARÃO O FUTURO
Fazendo outra confissão, Grigsby disse que outro aumento do orçamento para a subversão dependerá das eleições de novembro.
Segundo os observadores "in situ", sem dúvida, as vítimas deste novo financiamento da subversão em Cuba ajustarão contas num certo momento com a administração.
A organização que manejou o esbajamento do dinheiro federal em operações fraudulentas, convocou sua reunião com o propósito de aparentar que concordou com o golpe do GAO.
No entanto, publicou em sua convocatória em que dia e hora seria a assembléia, mas omitiu indicar o lugar, para o qual tinha que ligar e perguntar. A estratégia prestou. Foram ao encontro algumas pessoas novas para a partilha de um bolo já distribuído.
O GAO, em seu relatório, demonstrou que os altos funcionários da Usaid dissimularam o paradeiro de US$65,4 milhões presenteados, numa década, a seus amigalhaços de Miami e de Washington.
José Cárdenas foi dirigente da FNCA desde 1986, e desempenhou as mais altas responsabilidades. Além disso, foi sucessivamente diretor de "investigações e publicações", porta-voz da organização e lobista-chefe, quando a organização mafiosa dispunha de uma luxuosa "embaixada" em Washington.
O funcionário mafioso é amigo íntimo de Ileana Ros Lehtinen e dos irmãos Díaz-Balart.
A FNCA, criada pela CIA sob a administração de Ronald Reagan, despendeu uma fortuna no financiamento das operações do terrorista internacional Luis Posada Carriles, o qual, naturalmente, Cárdenas não pode ignorar, assim como também não poderá ignorar as fortes lamentações dos cabecilhas de Miami, os quais, com a reorientação dos métodos da Usaid, particularmente a favor de seu habituais correspondentes europeus, ficam numa situação um pouco precária.

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